Nos anos 80, X-Men já abordava caso de racismo similar ao de Vini Jr
No último domingo (21), o jogador de futebol brasileiro Vinícius Júnior, mais conhecido como Vini Jr, foi alvo de ataques racistas durante uma partida entre seu time, o Real Madrid, e a equipe do Valencia. O jogo, válido pelo Campeonato Espanhol (La Liga), chegou a ser paralisado por alguns momentos após a torcida do Valencia entoar cânticos criminosos contra o atleta brasileiro.
Porém, nada foi feito no momento e Vini Jr, inclusive, foi expulso da partida mais tarde por conta de uma confusão entre os futebolistas. O caso gerou bastante repercussão e revolta por parte dos torcedores brasileiros, gerando movimentações na internet. Além de personalidades públicas se posicionarem sobre o caso, um ato foi realizado no Cristo Redentor, que ficou com as luzes apagadas, como forma de solidariedade ao atleta.
Preto e imponente. O Cristo Redentor ficou assim há pouco. Uma ação de solidariedade que me emociona. Mas quero, sobretudo, inspirar e trazer mais luz à nossa luta.
— Vini Jr. (@vinijr) May 22, 2023
Agradeço demais toda a corrente de carinho e apoio que recebi nos últimos meses. Tanto no Brasil quanto mundo… pic.twitter.com/zVBcD4eF8k
O caso triste, infelizmente, não é o primeiro do tipo a ocorrer dentro do futebol ou com Vinícius Júnior. Uma situação muito similar, inclusive, pode ser vistas nas páginas dos quadrinhos da Marvel na década de 1980, mostrando que o racismo no futebol não é novidade.
Mancha Solar e o racismo no futebol
Em 1982, para ser mais exato, a Marvel apresentou pela primeira vez o super-herói brasileiro Roberto da Costa, o Mancha Solar (Sunspot). O personagem tinha uma ligação muito forte com o futebol e, durante uma partida, também foi discriminado por conta da cor de sua pele.
O Mancha Solar é um dos heróis brasileiros mais famosos do mundo do entretenimento.Fonte: Marvel
Natural do Rio de Janeiro e torcedor do Botafogo, Roberto surgiu na equipe dos Novos Mutantes e já chegou até a ser líder dos Vingadores. Em sua história de origem, vemos o personagem ainda adolescente, disputando um jogo de futebol.
Porém, ele é constantemente ofendido e diminuído por seus adversários brancos, que chegam a proferir a seguinte frase: "A riqueza do seu pai não pode mudar a cor da sua pele. Você ainda é um negro - um animal mascarado de ser humano"! Alguns trechos da HQ foram publicados no Twitter pelo perfil Jamesons, como pode ser visto abaixo:
"A riqueza do seu pai não pode mudar a cor da sua pele. Você ainda é um negro - um animal mascarado de ser humano!"
— Jamesons (@SiteJamesons) May 23, 2023
Essa sequência de agressões físicas e verbais despertaram o gene x do Roberto Da Costa, que manifestou poderes mutantes logo em seguida. pic.twitter.com/LjXjqfvD1D
Nas HQs da Marvel, Roberto ouve tudo calado, sem esboçar reação. Porém, em determinado momento, ele explode de vez e manifesta seu gene x pela primeira vez, descobrindo que era um mutante, o que muda seu destino para sempre. De 1982 para 2023 são 41 anos, o que apenas mostra como o racismo, tragicamente, segue presente na sociedade e já era discutido no passado, inclusive em produtos culturais de grande alcance.
O Mancha Solar foi criado por Chris Claremont e Bob McLeod e teve sua primeira aparição na publicação Marvel Graphic Novel #4: The New Mutants. No universo da Marvel, ele é capaz de absorver energia solar e convertê-la em força física, produzir radiação infravermelha, projetar rajadas de calor e até de voar. Ele também é um empresário de sucesso, sendo o grane chefe da companhia Da Costa International.
Nos cinemas, o herói brasileiro já apareceu em duas ocasiões, nos filmes X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014) e Novos Mutantes (2020). Todavia, apesar de ser negro nos quadrinhos, o personagem surgiu nas telonas interpretado por dois atores brancos.
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