Velozes e Furiosos 10 acerta na ação sem sentido (crítica)

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Imagem: Universal/divulgação

Velozes e Furiosos 10 chega aos cinemas com a premissa de ser "o início do fim" da maior família de Hollywood. O filme consegue ser bem melhor que o capítulo 9, mas ainda tem alguns problemas de escrita que, na verdade, nem parecem ser um real problema para os roteiristas.

Velozes e Furiosos é aquela franquia que começou com uma proposta e rapidamente entendeu o potencial que tinha nas mãos. Desde Operação Rio, em 2011, a Original Films e a Universal Studios começaram a acostumar o espectador com o impossível graças a icônica cena de roubar e arrastar um cofre pelas ruas do Rio de Janeiro.

O último filme, inclusive, brincou com a piada de que "só faltavam os personagens irem para o espaço". Adivinhe só, Velozes e Furiosos 9 mostra alguns personagens com um carro orbitando a Terra.

Velozes 10 não faz loucuras como essa, mas a essa altura o público não pode e nem deve mais se surpreender com as cenas impossíveis desse filme - e olha que não são poucas. Dito isso, Velozes e Furiosos 10 é um ótimo filme pipoca para assistir no cinema, desde que você não o leve a sério.

Uma família separada

Assim como todo bom filme da saga, o novo Velozes possui um início tranquilo. A família está reunida em casa, fazendo churrasco e alegre, como manda o figurino. E como sempre, um novo vilão que quer vingança ou dominar o mundo aparece para tirar a paz de Dominic Toretto mais uma vez.

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E é assim que Velozes e Furiosos 10 começa. A nova ameaça fica ao cargo de Dante, interpretado divertidamente por Jason Momoa. O personagem é filho do político corrupto Hernan Reyes, morto em Operação Rio. Como de costume, Dante quer vingança e vai fazer Dom e sua família pagarem pelo que fizeram com seu pai.

Essa dinâmica manjada da franquia cansa no início, mas a história começa a se desenrolar bem. Conforme avança, é perceptível que houve um certo esforço para deixar as coisas diferentes, pelo menos neste filme.

E dessa forma o filme consegue dividir todos os personagens em núcleos. Nos filmes anteriores era muito comum ver todos os seis ou sete atores principais juntos em grande parte das cenas, mas dar arcos menores para cada grupo funciona bem para manter o ritmo mais acelerado. E isso funciona, já que nas 2 horas e 20 minutos de exibição o público raramente vai ficar entediado.

Dom (Vin Diesel) fica separado do time, assim como Letty (Michelle Rodriguez). Tej (Ludacris), Roman (Tyrese Gibson), Ramsey (Nathalie Emmanuel) e Sr. Pequeno Ninguém (Scott Eastwood) formam o maior grupo, enquanto Jakob (John Cena) e Brian (Leo Abelo) se tornam uma boa dupla.

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Assim, cada personagem consegue fazer ligações com o passado da franquia ao mesmo tempo em que empurra para o enredo, no entanto, o grupo maior de Tej e Roman é o que menos funciona. O filme, por razões explicadas no ato final, dá menos destaque para esses personagens em cenas-chave. Jakob e Brian ganham um protagonismo no longa, e John Cena consegue segurar muito bem suas cenas, da forma caricata como sempre. O jovem Leo Abelo surpreende, e cumpre bem seu papel mirim.

Novidades e participação do Brasil

E tudo isso é feito para dar ainda mais profundidade ao personagem de Vin Diesel. Embora Dom seja o grande protagonista da série, os demais filmes ainda conseguiam mesclar bem toda essa autoridade do personagem. Em Velozes 10 isso não acontece, assim como não aconteceu no longa anterior, e Toretto concentra sua jornada com personagens novos.

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Uma das principais adições é Daniel Melchior, que interpreta Isabel, uma brasileira que cruza o caminho de Dom. Como os trailers já haviam revelado, Velozes e Furiosos 10 retorna ao Rio de Janeiro, principalmente porque o vilão Dante tem conexões diretas com Operação Rio. E isso é um verdadeiro desastre.

Mais uma vez a representação brasileira no exterior é um bando de pessoas armadas com música alta. Além disso, escalar Melchior, uma atriz portuguesa, para viver uma brasileira é um completo desrespeito. Com tantas atrizes de alto escalão no cinema brazuca, essa decisão é totalmente infundada. O pior de tudo é dar uma participação para a cantora Ludmilla de apenas 6 segundos de tela com um efeito especial tenebroso. Decepcionante, porém previsível vindo de um estúdio estadunidense.

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Brie Larson é outra novata a entrar para o time. A vencedora do Oscar faz um agente secreta bem neutra. Em um papel que exige pouco, a talentosa atriz faz o básico e não tem muito holofote.

De maneira geral o elenco está muito bem, com destaque para o tempo cômico excelente de Tyrese Gibson. Fora isso, espere as atuações normais da franquia, sem muito drama, mas muitas frases de efeito clichês. Vin Diesel continua com a profundidade de um pires ao viver Dom, e sinceramente, tudo bem. Quem espera atuações magistrais de Velozes e Furiosos em 2023 realmente não entende de cinema, ou melhor, não entende como se divertir em um.

Jason Momoa é o melhor vilão da saga?

O destaque fica com o maravilhoso Jason Momoa. Fazer Dante deve ter sido uma das maiores diversões do ator nos últimos tempos, já que claramente ele faz o personagem mais caricato da franquia. O Dante de Momoa é basicamente uma versão do Coringa com classificação indicativa para menores. Espalhafatoso e extremamente divertido, ele se tornou um dos melhores vilões da franquia com uma boa margem, ficando apenas atrás de Deckard Shaw (Jason Statham).

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O roteiro, todavia, funciona quando quer e convém. Personagens opostos se ajudam a troco de nada, há esquecimento de ações e consequências do passado, erros de continuidade e furos grandes na trama. A escrita de Dan Mazeau, Justin Li e Gary Scott Tompson não se preocupa com esses empecilhos, e foca somente em entregar comédia, frases prontas e cenas de ação mirabolantes ao espectador.

Inclusive, como já escrevi anteriormente, nenhuma tomada de ação coloca os personagens no espaço, mas espere cenas muito divertidas com mísseis, metralhadoras, bombas, explosões, perseguições malucas e muito Vin Diesel como o exército de um homem só. Não faz muito sentido, mas diverte.

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O diretor Louis Leterrier comanda este que deve ser seu melhor trabalho como cineasta desde o divertido Carga Explosiva em 2002. A ação é muito bem filmada, e a produção adota um tom estiloso, que não acontecia tão bem desde o sétimo filme, dirigido por James Wan.

Conclusão: vale a pena assistir?

Velozes e Furiosos 10 é um filme divertidíssimo, isso é fato. O longa não se leva a sério na sua proposta maluca, e faz o feijão com arroz de filmes de ação de alto orçamento. O enredo é baseado em uma história de vingança genérica, mas que naquele universo funciona de forma aceitável.

É um filme simples para uma experiência simples. Não faz sentido apontar 1001 críticas a respeito de uma franquia que há cinco filmes segue uma receita de bolo similar, sendo que é muito claro o que o estúdio quer vender ao público. Velozes e Furiosos é a nata da galhofa de ação que tem suas partes péssimas - alô Velozes 9 - e seus super acertos - olá Velozes 7.

Velozes e Furiosos 10 é pipoca na certa. O longa tem acontecimentos importantes, retornos esperados e um gancho que vai te deixar ansioso - ou não - para assistir à conclusão em 2025.


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