Guardiões da Galáxia 3 é o filme mais emocionante do MCU (Crítica)
Cheio de promessas de ser um projeto emocionante e a despedida de James Gunn da Marvel Studios, Guardiões da Galáxia 3 enfim chega aos cinemas na quinta-feira, 4. O projeto, que marca o fim do icônico grupo, é uma prova de resistência que te deixará com um nó na garganta do início ao fim.
Se alguém falasse sobre Guardiões da Galáxia em 2013, é certo que pouquíssimas pessoas saberiam descrever esse grupo de heróis. Lançado em 2014, o primeiro Guardiões era o filme que os fãs precisam, no momento certo. Quem diria que uma árvore, um guaxinim, uma filha de Thanos, um saqueador e um pai vingativo ditariam a tônica de filmes em equipe para os próximos anos, e entrariam de vez na história da cultura pop.
Agora, quase uma década depois desse começo, a história dos personagens mais desajustados da galáxia chega ao fim com chave de ouro. Sem enrolação, Guardiões da Galáxia 3 é uma obra com alma, carisma, personalidade e amor. É um filme que fecha arcos e consolida aquela equipe como a mais importante depois dos Vingadores.
Para esse fim de trilogia, o elenco completo dos filmes anteriores retorna. Chris Pratt (Senhor das Estrelas), Zoe Saldana (Gamora), Bradley Cooper (Rocket Raccoon), Vin Diesel (Groot), Pom Klementieff (Mantis) e Dave Bautista (Drax) continuam como o centro das atenções, além das adições mais regulares com Sean Gunn (Kraglin), Karen Gillan (Nebula) e Maria Bakalova (Cosmo).
Na nova empreitada, os Guardiões devem enfrentar seu oponente mais perverso até então: o Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji). Responsável por realizar experimentos torturantes em Rocket enquanto filhote, o caminho do grupo cruzará o do vilão, que ainda possuirá ajuda do esperado Adam Warlock (Will Poulter).
Crítica sem spoilers
Os primeiros cinco minutos do filme mostram a tônica que seguirá por 2 horas e 30 minutos de exibição. Guardiões 3 tira o público de sua zona de conforto assim que começa. Mexer com animais, principalmente filhotes, é um golpe baixo, mas o roteiro não liga para isso e vai direto no âmago do espectador.
Durante toda a produção do filme, o diretor James Gunn não hesitava em comentar sobre as inúmeras mortes que este filme teria, a carga emocional e as consequências dos atos dos protagonistas. Conhecido por saber contar boas histórias malucas, Gunn conseguiu extrair o máximo desses personagens em um nível de desenvolvimento absurdo.
Guardiões da Galáxia é uma franquia sobre relacionamentos e desenvolvimento de personagens. A evolução do grupo desde o primeiro filme até o Especial de Natal é louvável, e embora todos os filmes possam ter problemas - incluindo este - absolutamente nada tira o mérito de como é prazeroso ver a evolução dos heróis mais bestas do espaço.
Se no primeiro filme Gamora, Nebula e Drax ganharam bastante destaque por conta da relação nociva com Thanos, o segundo filme soube explorar Peter Quill com Ego e Yondu, além de aprofundar as duas irmãs. Groot teve literalmente a evolução mais notável por crescer e transitar em Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato.
Mas faltava uma peça no meio do caminho. Rocket sempre foi o mais misterioso dos personagens, e embora seja sabido há anos sobre os experimentos pelo qual foi submetido, os projetos nunca mostraram isso. Tudo em Guardiões sempre foi pautado em uma figura paterna e, agora, a ameaça do criador de Rocket retorna.
Rocket como protagonista e vilão sádico
Guardiões da Galáxia 3 é um filme sobre Rocket Raccoon, com arcos para os demais personagens, mas que o roteiro gira em torno do adorável guaxinim do primeiro ao último minuto.
Ao fazer uma mescla de flashbacks e o presente, James Gunn criou um verdadeiro terror neste terceiro filme. As cenas de Rocket com o Alto Evolucionário são cruéis — e se prepare, pois são diversas. A tortura física e psicológica é repetida até quase que o limite, e olhar para as telonas é difícil. Em uma tentativa de criar "a sociedade perfeita" a partir de experimentos, esse vilão se transforma no mais sádico antagonista do MCU até agora.
Inclusive, esse argumento de sociedades perfeitas já é algo manjado na ficção científica. Seja como for, o filme transformou este vilão em uma ameaça infinitamente superior a qualquer coisa relacionada a Kang. E sinceramente, isso não parece ter sido uma grande dificuldade para o roteiro de Gunn.
É preciso ter muito estômago para não se sensibilizar com tamanha crueldade. Os efeitos especiais super realistas deixam tudo ainda pior, e felizmente a Marvel acertou no CGI em cheio. Assim como os antecessores, o novo longa é belíssimo, mas mira em uma paleta de cores mais sombria e sinistra, igual ao roteiro.
Além do tom trágico, o longa intercala perfeitamente o tempo de comédia. Com muita galhofa e referências aos anos 80, o filme é muito divertido, mas simultaneamente triste. Para quase toda cena trágica há uma cena cômica em seguida, mas essas cenas são raramente relacionadas entre si. Há um distanciamento para se emocionar, se conectar com a obra, e rir.
Tudo isso é embalado com a maravilhosa trilha sonora, cheia de clássicos de diversas épocas, como Radiohead, Faith no More, Florence+The Machine, Beastie Boys e muito mais. A música é o fio condutor desta saga e, mais do que nunca, fará você ter vontade de comprar um walkman.
A inevitável dor da perda
Embora só seja responsável pela narração, Bradley Cooper entrega uma ótima performance ao dublar Rocket. Suas falas são comoventes, tristes, e, ao mesmo tempo, cheias de esperança e fofura. Guardiões da Galáxia 3 é uma montanha-russa de emoções que te destrói em pedacinhos para reconstruir aos poucos, mas mesmo assim você ainda se sentirá quebrado.
Peter Quill também recebe um bom destaque com a Gamora, visto que a versão atual da personagem é a Gamora do passado. Quill passa por uma verdadeira depressão por mais uma vez perder alguém que ama. Depois de sua mãe, seu pai, Yondu, e sua namorada, ver que sua família está em perigo liga um alerta. Assim como Peter, o espectador entende isso em todas as cenas mais importantes.
O restante do grupo enfrenta dilemas próprios que finalmente são solucionados. Aliás, esse é um dos erros de Guardiões 3. Na tentativa de amarrar tão bem os núcleos principais, a narrativa perde força em histórias paralelas. Na verdade, as próprias decisões de como alguns aspectos da trama principal se formam não são tão convincentes, mas no momento do filme isso parece não importar. Esse senso de perigo constante faz com que os personagens tomem decisões burras pelo medo, e devem ser bem digeridas pelo público.
Adam Warlock é um daqueles personagens mal aproveitados nessa história. Agindo como um grande bebê burro, o anti-herói é inserido apenas como um instrumento que, no fim das contas, não causa impacto notável nas situações, com exceção de sua primeira aparição, que movimenta a trama.
Além de Cooper, Chris Pratt e Zoe Saldana merecem destaque por suas atuações. Bautista, Klementieff e Gillan também estão muito bem nos papéis, e finalmente mostram suas últimas camadas de desenvolvimento. O conflito entre esse último trio instiga cenas bonitas, e traz um ar de acerto de contas. Aos poucos, tudo vai se entrelaçando lentamente até chegar no inevitável desfecho.
Antes disso, as inúmeras cenas de ação contagiam. James Gunn cria uma colcha de retalhos funcional que começa com drama, retorna para uma space opera, transita na ficção mais densa, bate na porta do terror e condensa tudo com muita ação. Aliás, o terceiro ato conta com um plano-sequência magnífico, mesmo que ligeiramente curto e feito com muito CGI.
De forma inesperada, o filme ainda insere muita violência nas cenas. Para uma produção com classificação indicativa tão baixa, algumas cenas são realmente pesadas e gráficas, mostrando uma maquiagem bem convincente de rostos desfigurados.
Conclusão
Guardiões da Galáxia 3 é um mix de sentimentos. Este filme te fará rir, te farar chorar, e eu espero que te faça perceber que o cinema de heróis ainda tem boas produções, mesmo que sejam uma minoria hoje. Por mais clichê que possa parecer, este final é uma carta de amor de Gunn a esses personagens, que o elevaram a um status diferente desde quando assumiu o primeiro projeto em 2013.
Guardiões da Galáxia 3 é um filme que, entre poucos erros e muitos acertos, é uma clara simbologia de amor para quem gosta de super-heróis, e principalmente, para quem gosta de cinema.
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