A Baleia: entenda as polêmicas ligadas ao filme indicado ao Oscar
Um dos filmes mais comentados dos últimos meses, sem dúvidas, é The Whale (A Baleia, em tradução), nova produção da renomada produtora A24. Dirigido por Darren Aronofsky e estrelado por Brendan Fraser, que andava sumido das telonas, o longa-metragem conquistou, inclusive, três indicações ao Oscar 2023 e uma indicação ao Globo de Ouro, duas das maiores premiações cinematográficas do mundo. Contudo, nem tudo são flores para a projeção, que tem enfrentando alguns problemas.
Explicamos: apesar de todo o hype criado em cima de A Baleia, a produção recebeu reações mistas por parte da crítica e dos espectadores. Brendan Fraser, por exemplo, embora tenha recebido uma indicação à categoria de Melhor Ator no Oscar 2023 por seu papel no projeto após ficar 12 anos longe do cinema, tem sido duramente criticado por ter aceitado a posição. E isso se deve ao seguinte questionamento: um filme sobre um personagem obeso não deveria escalar um ator obeso?
Brendan Fraser vive um personagem com obesidade mórbida em The Whale, que tem reunido diversas críticas.Fonte: A24
Caso você ainda não saiba, A Baleia narra a história de Charlie (Fraser), um homem com a doença da obesidade que vê sua saúde piorar cada vez mais ao longo dos anos, bem como seus traumas passados. Confrontado por sua própria mortalidade, ele, um professor de inglês que passa a viver de maneira reclusa, busca se reconciliar com sua filha adolescente Ellie (Sadie Sink) e com o restante da sua família antes que seja tarde demais.
As polêmicas envolvendo A Baleia
O fato de o ator de A Múmia (1999) interpretar um personagem obeso, mesmo ele não o sendo, e, para isso, ter tido que usar algo apelidado no cinema de "fat suit" (um tipo de traje que transforma o ator ou atriz em questão em uma pessoa gorda), não caiu muito bem entre parte da mídia e dos cinéfilos, que defendem a ideia de que a obra deveria ter escalado alguém que se encaixasse melhor no perfil do protagonista e que soubesse, de fato, os desafios de ser uma pessoa obesa.
A repercussão em torno desse assunto vem desde antes do lançamento oficial de A Baleia, que, no Brasil, estreou apenas na quinta-feira passada (23 de fevereiro). Porém, internacionalmente, o longa já havia aterrissado em alguns festivais de cinema e, desde lá, já levantava algumas sobrancelhas. Fraser, inclusive, já deu entrevistas nas quais defende o filme e as escolhas criativas tomadas por Aronofsky.
"Eu respeito aqueles que não concordam com tudo que o filme traz. Eu não concordo com eles [críticos] porque sei que não houve más intenções. Eu sei que quero saber se eu - eu, Brendan - causei algum dano. Mas a resposta que eu obtive da OAC [Obesity Action Coalition] foi 'continue fazendo o que você está fazendo'. Nós fizemos o filme que queríamos fazer, e fizemos da forma certa. E eu defendo isso", disse o artista em entrevista recente ao Los Angeles Times.
Em outra entrevista, desta vez ao site Screen Rant, aliás, o ator revelou que conversou com muitas pessoas da OAC, organização que se dedica a dar voz a pessoas com a doença da obesidade. "[...] Eu aprendi falando com pessoas nessas condições com frequência que as circunstâncias de suas vidas começaram bem cedo. Alguém falou com elas com discriminação, alguém as machucou, alguém foi vingativo com elas e isso ficou com elas. Palavras podem machucar e elas podem causar danos, e eu acredito que nós podemos fazer melhor", disse o ator se referindo à forma como a mídia aborda assuntos relacionados à obesidade e à gordofobia.
Bem como o astro de Endiabrado (2000), o diretor de A Baleia também defendeu a produção diferentes vezes, afirmando que tentou criar uma abordagem empática para o personagem Charlie, uma representação respeitosa de pessoas obesas (quando comparada a outros filmes). Porém, apesar das falas de Fraser e de Aronofsky, muitos ainda estão descontentes com o resultado final da projeção e não acham que ela mereça toda o reconhecimento que vem tendo.
Alguns espectadores também criticaram o título do filme (A Baleia), afirmando que o termo é desrespeitoso e que não deveria estar ligado à obesidade, conforme noticiado pelo Jornal da Band nessa quarta-feira (1). Por outro lado, alguns defendem a ideia de que o título é uma metáfora ou uma espécie de ironia (como se o termo equivocado fosse utilizado de maneira proposital apenas para ser rebatido durante a narrativa do filme, que mostraria como xingamentos e palavras do tipo não fazem sentido).
Será que, mesmo após todas as polêmicas, The Whale terá força para vencer suas categorias no Oscar? Aguardemos!
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