Batem à Porta: thriller de Shyamalan entretém, mas decepciona (crítica)
Imagine que quatro estranhos invadem sua casa, fazem todos de reféns e determinam: você deve escolher uma pessoa da sua família para ser sacrificada naquele momento. O motivo? Evitar o apocalipse e garantir o futuro da humanidade. Esse é o dilema dos protagonistas de Batem à Porta, novo filme de M. Night Shyamalan, que chega hoje (2) aos cinemas de todo o país.
Com uma sinopse pra lá de instigante e primeiras reações positivas, o filme foi bastante aguardado pelos fãs de suspense, principalmente quem espera uma obra grandiosa do famoso diretor dos plot twists. Enfim, se você se inclui neste grupo, não trago boas notícias.
Assim como a maioria dos filmes do cineasta indiano nos últimos anos, a premissa de Batem à Porta gera muita curiosidade. Começa intrigante, desenvolve uma trama tensa e chega ao desfecho no maior estilo Shyamalan em seus últimos trabalhos: decepcionante.
Análise sem spoilers
Batem à Porta começa bem, mas termina com "explicações" confusas (Foto: Divulgação)
O longa começa apresentando a pequena Wen, filha de Eric (Jonathan Groff) e Andrew (Ben Aldridge). Ela brinca nos arredores da casa que a família alugou para passar um feriado, quando conhece o grandalhão Leonard, interpretado por Dave Batista. Em conversa com a garota, o personagem logo dá uma prévia do que está por vir. Ele e seus três colegas de "trabalho" devem entrar na cabana e fazer com que a família decida entre si quem devem sacrificar para salvar o mundo do apocalipse.
Poucos minutos depois, o filme logo ganha vida e tensão no maior estilo invasão a domicílio. Entre os invasores, estão pessoas pouco prováveis: um professor do ensino básico, uma enfermeira, uma cozinheira apaixonada por fast-food e um personagem violento (que não tem nenhuma outra característica além dessa, acredite). Os quatro alegam que tiveram visões do fim do mundo e que o sacrifício daquela única família salvaria a humanidade.
Com uma ideia original, bom elenco e com tudo para dar certo, Batem à Porta segue o caminho contrário ao entregar uma trama superficial e que decide não se aprofundar em nada.
O decorrer do filme tem seus pontos altos, já que o diretor é ótimo em construir cenas tensas de roer as unhas. Mas tudo se perde em poucos minutos, quando o desfecho entrega uma explicação risível (alguma coisa envolvendo os cavaleiros do apocalipse, talvez?), extremamente jogada na cara do telespectador e sem explicar as conexões disso com o resto da trama.
Dave Batista, Rupert Grint, Ben Aldridge e Jonathan Groff estão no elenco do novo filme
Além disso, o dilema "moral" da família acontece pra valer só aos 45 do segundo tempo. Nesse caso, até entendemos a escolha dos personagens, mas não significa que não tenha deixado a trama repetitiva e um pouquinho arrastada.
Cadê você, M. Night Shyamalan?
A verdade é que o longa até se esforça, mas cai como um balde de água fria naqueles que aguardavam ansiosamente um filme com as amadas reviravoltas de M. Night Shyamalan. Talvez por ser a adaptação de um livro — O chalé no fim do mundo, de Paul Tremblay —, o filme não parece seguir o mesmo caminho de plot twists adotados em outras produções do diretor.
Não que isso seja um problema, é claro. Afinal, um cineasta com muitos anos de casa tem o direito de inovar. A grande questão é que, ao longo das quase duas horas, o telespectador se vê cada vez mais imerso na expectativa de encontrar um “quê a mais” na trama toda. O ‘tempero’ que faltava, porém, nunca chega e a sensação que fica é de nadar muito e morrer na praia.
Como fã de filmes como Sinais, Fragmentado e A Vila, minha expectativa em novos filmes de Shyamalan são sempre altas (e o tombo, consequentemente, sempre pior). Seguimos esperando que o bom e velho M. Night Shyamalan do passado volte e entregue aquele “quê” especial que só ele sabia oferecer. Por enquanto, continuamos com mais um filme que, provavelmente, cairá bem rápido no esquecimento.
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