Marcas da Maldição: filme de terror da Netflix surpreende (Crítica)

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Imagem: Netflix

Você já teve uma experiência na qual você foi assistir um filme sem dar absolutamente nada para ele e acabou se surpreendendo? Foi exatamente isso o que aconteceu comigo quando eu assisti Marcas da Maldição, novo filme de terror da Netflix.

E, assim, não é que a obra seja a oitava maravilha do mundo ou o melhor filme de terror disponível no streaming, contudo, desde o início, Marcas da Maldição te puxa para dentro de um universo muito aterrorizante através de algumas provocações narrativas e, no fim, se revela uma obra bem sólida.

Uma confissão: Marcas da Maldição me deixou um pouco (muito) cabreiro para dormir depois. Sério.

Então, se você é igual a mim e sempre reclama de que a Netflix nunca tem filmes bons de terror para assistir, fique por aqui, porque Marcas da Maldição vai te deixar de cabelos em pé!

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O que é Marcas da Maldição? (SEM SPOILERS)

Marcas da Maldição, conhecido internacionalmente como Incantation, é um filme de terror de Taiwan que foi dirigido e coescrito por Kevin Ko.

Em Taiwan, a produção foi lançada no primeiro semestre de 2022, no dia 18 de março, para ser mais exato. Por lá, se tornou o filme de terror taiwanês de maior bilheteria da história do país, alcançando um sucesso bem considerável.

O que chamou a atenção da nossa querida Netflix, que, enfim, assumiu a distribuição internacional do longa e o lançou em seu streaming para o mundo todo em 8 de julho de 2022.

Agora, já mergulhando de vez na produção, Marcas da Maldição é todo feito em um estilo de pseudodocumentário (ou found footage, se preferir), em que algum personagem está registrando tudo com uma câmera de mão, bem de pertinho. Algo que já vimos em obras bem conhecidas de terror, inclusive, como A Bruxa de Blair e Atividade Paranormal, por exemplo.

E a história de Marcas da Maldição é a seguinte: tudo começa com a apresentação da protagonista, uma mulher de meia-idade chamada Ruo-Nan, que nos explica que quebrou um tabu religioso e que isso resultou em uma maldição terrível.

Por isso, ela pede para que nós, espectadores, a ajudemos recitando uma oração de proteção (bem assustadora, diga-se de passagem), ao mesmo tempo em que também devemos memorizar um símbolo ritualístico (também assustador).

E só aí você já está grudado no teto, feito um gato, se perguntando por que, diabos, você deu play nesse filme do capeta. Mas, tudo bem, seguimos…

Aos poucos, o filme nos mostra o desenrolar disso tudo, incluindo como esse tal tabu religioso foi quebrado e as consequências da tal maldição na vida da Ruo-Nan.

Para isso, o longa utiliza duas linhas do tempo diferentes: uma no passado, que aconteceu há 6 anos, quando a maldição tomou forma e se instaurou, e uma no presente, na qual vemos as possíveis conclusões desse episódio maligno.

No meio disso tudo, descobrimos que a Ruo-Nan tem uma filha pequena, chamada Dodo, que ela entregou para um orfanato assim que percebeu que estava amaldiçoada. Então, acompanhamos também o reencontro entre mãe e filha e uma possível reconexão entre as duas.

E isso só acontece depois de a Ruo-Nan ter feito alguns bons anos de terapia e ter julgado segura a reaproximação, já que, neste ponto da narrativa, ela acredita que a maldição já passou e que tudo ficou no passado.

Bem, não preciso nem dizer que a maldição não passou coisa nenhuma, não é mesmo?

Pois é, assim que as duas se reencontram, várias coisas estranhas começam a acontecer, especialmente com a Dodo. E eis que, então, a mãe, desesperada, logo se toca de que a maldição que ela desencadeou anos atrás segue bem viva e pode afetar não apenas ela e sua filha, mas todos ao seu redor.

Mas sabe o que é mais louco nessa história toda e que eu só descobri depois de ter assistido Marcas da Maldição? A obra foi inspirada em um caso real, que aconteceu em Taiwan.

Portanto, antes de prosseguirmos para a análise do filme, quero te contar um pouco sobre isso (se você tiver coragem de ler). Bora?

Caso real e assustador

Pois bem, depois de assistir Marcas da Maldição e fazer uma pesquisa básica sobre o filme, descobri que o criador do filme, Kevin Ko, se inspirou em um caso real para dar vida à obra.

De acordo com o que encontrei (o que não foi muito), o episódio que inspirou o filme aconteceu no distrito de Gushan, que fica em Taiwan, no ano de 2005.

Na época, uma família de seis pessoas afirmou que estava possuída por várias entidades malignas ligadas ao folclore chinês. Em meio à tormenta, a família torturava uns aos outros de maneiras terríveis na tentativa de expulsar esses tais demônios que estariam controlando todos os envolvidos.

O triste capítulo resultou na morte da filha mais velha da família, que, mais tarde, foi acusada criminalmente de diversos delitos em um caso extremamente complexo e assustador.

E, isso tudo, claro, só torna a atmosfera de Marcas da Maldição ainda mais pesada e sombria!

ATENÇÃO: A PARTIR DE AGORA, ESTE TEXTO TERÁ SPOILERS DO FILME MARCAS DA MALDIÇÃO. NÃO CONTINUE SE VOCÊ AINDA NÃO ASSISTIU.

Análise narrativa e crítica de Marcas da Maldição (COM SPOILERS)

Muito bem, agora, vamos falar um pouco mais dos aspectos narrativos e técnicos e de alguns outros recursos interessantes que Marcas da Maldição utilizou para criar uma obra bem interessante.

Já começo destacando as provocações narrativas que o filme traz logo no início do primeiro ato. Se você puxar na memória, vai lembrar que a obra inicia com alguns questionamentos sobre bênçãos e intenções, que, a princípio, deixam o espectador um pouco confuso, mas também bem curioso.

Seguindo essa ideia, como exemplo, a protagonista Ruo-Nan, que está narrando as cenas iniciais em voice over, nos convida a fazer alguns testes que demonstram como é possível mudar o sentido das coisas por meio das intenções.

A personagem nos mostra uma roda gigante e um metrô, que mudam de direção de acordo com a forma que os enxergamos. É quase como se você virasse uma chavinha no seu cérebro que o fizesse ver algo diferente do óbvio que está na sua frente.

E tudo, absolutamente tudo, depende das suas intenções, de acordo com a proposta do longa.

Enfim, um começo bem convidativo e que te puxa para dentro da trama já nos minutos iniciais, colocando aquela pulguinha atrás de nossas orelhas sobre o que vem por aí e o que tudo aquilo realmente significa.

Aliás, essas incitações para que o público participe do filme são bem legais. Como quando a Ruo-Nan pede para que quem está assistindo repita com ela uma oração de proteção e que preste atenção naquele símbolo ritualístico.

Elementos que marcam toda a cerimônia que desencadeou a desgraça completa, diga-se de passagem.

Inclusive, o ponto de virada para o terceiro ato do filme acontece justamente com a “ajuda” do público, quando a protagonista nos revela que a oração que ela pediu para que repetíssemos, na realidade, é um mantra maligno que também nos deixaria amaldiçoados.

É, pois é.

Marcas da MaldiçãoMarcas da Maldição (Netflix/Reprodução)

E o que sacramenta essa maldição coletiva, agora tanto da Ruo-Nan e da Dodo quanto nossa, é a revelação do rosto da Mãe Buda, que é a peça central de tudo e a responsável por todo o mal que assola os personagens.

Essa revelação, aliás, é muito tensa e eu duvido que você não cogitou parar o filme nesse exato momento (eu cogitei, pelo menos).

Essas provocações narrativas de Marcas da Maldição, que nos fazem acreditar que somos parte da obra desde o início, somadas ao estilo found footage, só nos colocam ainda mais dentro daquele universo amaldiçoado e intensificam (e muito) nossos medos.

Para mim, esse é o ponto mais alto do filme!

Também gostei de como a trama não é entregue de bandeja para quem está assistindo e vai se desenrolando ao longo de pequenos capítulos.

Por exemplo, no primeiro ato, começamos sabendo que há uma maldição, mas não como ela começou exatamente, quem está envolvido, como ela funciona, como pará-la, o que significa aquele discurso inicial da protagonista e por aí vai.

Essas são questões que vamos tendo o prazer (ou desprazer) de descobrir em momentos mais cruciais da trama. Afinal, uma narrativa se torna muito mais atrativa quando não é mastigada, mas, sim, fomenta questões e as desenvolve até respondê-las nos momentos certos.

Nesse sentido, a narrativa não linear de Marcas da Maldição se torna um recurso muito bem-vindo, já que transitamos entre duas linhas do tempo diferentes, mas que se conectam.

Nelas, vamos tendo nossas respostas, além de pequenos respiros, que não deixam a trama ficar muito estática, já que estamos sempre transitando pelas diferentes frentes da história.

Confesso, todavia, que fiquei um pouco confuso em alguns momentos com as mudanças de tempo. Por algumas vezes, a troca de linha temporal foi um pouco brusca. Mas nada que estrague a ideia inicial do diretor.

E já que citei um ponto negativo, aproveito para trazer mais um: os arcos dos personagens são um pouco fracos.

Me pareceu que a trama carregou muitos mais os personagens do que os personagens carregaram a trama. E isso nem sempre é algo bom quando analisamos a narrativa de uma maneira mais crítica, pois significa que os personagens não são tão memoráveis assim, não criam conexões com quem está assistindo e poderiam, facilmente, ser substituídos sem fazer muita diferença.

Novamente, todavia: nada que comprometa muito a obra.

Marcas da MaldiçãoMarcas da Maldição (Netflix/Reprodução)

Conclusão

Marcas da Maldição não inventa a roda, mas também não precisa para ser um ótimo filme de terror.

A obra é bem provocativa em alguns pontos e consegue criar bastante tensão, ao mesmo tempo em que desenvolve uma história muito interessante envolvendo o folclore asiático.

O longa surpreende e entrega muito mais do que o imaginado. Por isso, se você é fã de um bom terror, recomendo que você dê uma chance para Marcas da Maldição! Aconselho, porém, de todo o coração, que você não o assista sozinho. Jamais. Nem que a vaca tussa.

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