Bastardos Inglórios: o que você ainda não sabe da obra
Bastardos Inglórios é um dos filmes mais aclamados de Quentin Tarantino. Indicado a oito categorias no Oscar, o longa levou uma estatueta (Melhor Ator Coadjuvante para Christoph Waltz) e é um dos melhores exemplos do potencial do cineasta não apenas pela maneira como ele comanda o elenco, mas também pelo roteiro, que consegue oscilar muito bem momentos de tensão e alívio cômico. E isso em um dos períodos mais tensos da humanidade.
Tarantino pretendia que fosse tanto um filme de guerra quanto um faroeste espaguete e considerou que o filme se chamasse Era uma vez na França Ocupada pelos Nazistas (o título do primeiro capítulo do filme). Abaixo, apresentamos mais algumas curiosidades do filme e dos bastidores dele.
O elenco
Tarantino com o elenco principal do filme.Fonte: IMDb/Reprodução
Tarantino pensou em abandonar o projeto enquanto procurava alguém para viver o coronel Hans Landa, achando que o papel seria impossível de interpretar. Depois que Christoph Waltz fez o teste, no entanto, Tarantino e o produtor Lawrence Bender concordaram que haviam encontrado o ator perfeito. Waltz fala a maioria dos idiomas no filme (inglês, francês, alemão e italiano) e se tornou um dos seis atores a ganhar um Oscar por um personagem que falava principalmente em uma língua estrangeira. Os outros são Sophia Loren, Robert De Niro, Roberto Benigni, Benicio Del Toro e Marion Cotillard.
Já Daniel Brühl admitiu depois que o filme foi lançado que não era fluente em francês, e quando Tarantino lhe pediu para falar em francês, ele misturou francês e espanhol, apostando (corretamente) que o cineasta não notaria. Quando Brühl recebeu a versão traduzida do roteiro, foi capaz de aperfeiçoar sua entrega em francês. O ator também dublou as próprias falas para espanhol.
O diretor também considerou Leonardo DiCaprio para o papel do coronel Hans Landa, porém decidiu então que um ator alemão deveria interpretar o personagem. DiCaprio trabalhou no filme seguinte de Tarantino, Django Livre (2012), e depois dividiu a tela com Brad Pitt em Era Uma Vez Em... Hollywood (2019).
O cineasta também duvidava que Diane Kruger fosse alemã, já que seus principais trabalhos são em filmes de língua inglesa. Tarantino pensava que a atriz era americana e duvidava que ela pudesse dominar o diálogo e o sotaque alemães. Após a audição, Diane provou que era realmente alemã.
O ator Til Schweiger, nascido e criado na Alemanha, sempre se recusou a vestir um uniforme nazista para um papel no cinema. Ele somente concordou em participar de Bastardos Inglórios com a condição de que poderia matar um nazista em cada cena que usasse o traje.
Versões alternativas
Versão exibida no cinema foi a que mais sofreu alterações.Fonte: IMDb/Reprodução
Na Rússia, há duas versões do filme: uma para as exibições gerais, com todos os diálogos dublados em russo, exceto nas interações em francês e em italiano. A segunda, chamada "versão do diretor", teve somente os diálogos em inglês dublados, enquanto o restante ficou legendado.
Na versão alemã, na cena do jogo “Quem sou eu?”, que acontece na taverna, a primeira partida é um pouco mais longa. Ela começa um pouco antes, com Bridget von Hammersmark (Diane Kruger) em uma mesa com alguns soldados já participando das adivinhações. A cena termina com a chegada do sargento Hugo Stiglitz (Til Schweiger).
Finalmente, na versão da Itália, o diálogo em italiano entre os protagonistas no cinema foi alterado para um dialeto siciliano em vez do italiano padrão, com os personagens sendo explicitamente descritos como sicilianos. Houve ainda algumas mudanças na maneira como os Bastardos se apresentam, além de o coronel Landa falar a língua corretamente, em vez do italiano bastante quebrado da versão em inglês, e mencionar ter estado na Sicília, como fez Aldo antes dele.
Além disso, ele pede a pronúncia do nome apenas para Aldo/Ezio, perguntando se é um sobrenome de Palermo. Uma última observação é que na versão italiana, em vez de agradecer a Landa dizendo "Grazie", Aldo/Ezio responde simplesmente proferindo a exclamação siciliana "Mizzica!".
Realidade ou ficção?
Filme é levemente inspirado em uma operação real.Fonte: IMDb/Reprodução
Embora o filme seja fictício, foi parcialmente inspirado na Operação Greenup, uma missão real do Escritório de Serviços Estratégicos (o serviço de inteligência dos EUA). Em fevereiro de 1945, os agentes Frederick Mayer (um espião americano nascido na Alemanha), Hans Wijnberg (um agente nascido na Holanda, que, como Mayer, era judeu) e Franz Weber (um ex-oficial austríaco da Wehrmacht) foram lançados de paraquedas na Áustria. Durante vários meses, Mayer reuniu informações sobre a Fortaleza Alpina dos alemães, fazendo-se passar por oficial nazista e eletricista francês.
Mayer foi descoberto por um comerciante do mercado clandestino, capturado e torturado pela Gestapo, mas se recusou a entregar os outros dois agentes. Entretanto, o general Franz Hofer, comandante das forças nazistas no oeste da Áustria, percebeu que a guerra estava perdida e estava procurando uma maneira de entregar suas forças aos Aliados, em vez de ao Exército Vermelho. Mayer ajudou a negociar a rendição das forças austríacas da Alemanha, que ocorreu em Innsbruck em 3 de maio de 1945.
Quando Francesca (Julie Dreyfus) menciona a ex-atriz Lilian Harvey, Joseph Goebbels (Sylvester Groth) dá um chilique e grita para nunca mencionar aquele nome em sua presença. Harvey teve que escapar da Alemanha nazista em 1939 depois de ajudar o coreógrafo judeu Jens Keith a fugir para a Suíça.
Bridget von Hammersmark, a estrela do cinema alemão e agente dupla, foi parcialmente baseada em Marlene Dietrich. Embora ela nunca tenha servido como agente no exterior, trabalhou com o Escritório de Serviços Estratégicos na Segunda Guerra Mundial. Em 1944, Dietrich fez gravações como parte do projeto Musak, uma série de transmissões de propaganda musical destinadas a desmoralizar os soldados inimigos. Ela gravou várias canções em alemão, incluindo "Lili Marlene", e fez gravações no idioma relatando vitórias e derrotas alemãs. Por seus esforços, Dietrich recebeu a Medalha Americana da Liberdade.
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