8 séries afetadas criativamente por greves de roteiristas
Há 30 anos, em 1988, a mais longa greve dos roteiristas da história (foram 155 dias!) interrompia a produção de diversas séries e filmes, desde MacGyver até Batman, de Tim Burton. Já em 2007, os roteiristas cruzaram os braços novamente por 3 meses. A greve teve início em 5 de novembro de 2007 e foi até 12 de fevereiro de 2008.
Liderada pelo Writers Guild of America (WGA), a paralisação tinha o objetivo de garantir melhores salários para a categoria. O movimento teve um imenso impacto cultural e econômico nos EUA e causou um prejuízo estimado entre S$ 350 milhões e US$ 1,5 bilhão.
Agora, quinze anos depois, mais de 11 mil roteiristas dos Estados Unidos estão em uma nova greve, pelos mesmos motivos. Desta vez, no entanto, além de pedirem por melhores salários, os profissionais pedem também por maior participação nos lucros das produções distribuídas por serviços de streaming.
Séries afetadas por greves de roteiristas
Mas quando esse tipo de situação acontece, não é só de dinheiro que estamos falando. Quando roteiristas param por tanto tempo, eles (e suas produções) precisam de um recomeço criativo para chegar a um final de série e temporada completamente novo daquele planejado anteriormente.
Muitas vezes, isso pode até ser vantajoso, visto que novas ideias surgem, mas na maioria das vezes os programas acabam perdendo mais do que ganhando. Confira 8 séries que foram afetadas por greves de roteiristas na história norte-americana.
8. Pushing Daisies
Reprodução/ABC
Quando estreou na fall season de 2007, a ótima série de Bryan Fuller foi aclamada como uma das melhores e chegou a figurar como o seriado mais visto naquele ano. A história sobre um cara que consegue trazer pessoas mortas de volta à vida por 1 minuto com o poder de seu toque ganhou uma temporada completa em outubro, apenas algumas semanas antes de a greve dos roteiristas começar.
Isso fez com que a produção parasse de trabalhar com apenas nove episódios concluídos, quando a intenção era ter 22 capítulos. Bryan Fuller precisou reescrever o episódio 9 para servir como um final de temporada, deixando muitas pontas soltas para que o público voltasse para um segundo ano. Deu certo, mas a segunda temporada foi um fracasso de audiência, e a série foi cancelada sem dó.
7. Scrubs
Reprodução/NBC
A greve de 2007 interrompeu a produção da comédia médica da NBC, Scrubs, bem no meio daquela que seria sua última temporada. O criador Bill Lawrence até teve a oportunidade de filmar um episódio alternativo para ser usado como encerramento da série na sétima temporada, mas ele recusou a oferta na esperança de concluir Scrubs depois que a greve terminasse.
Quando a paralisação chegou ao fim, o futuro de Scrubs era incerto. A sétima temporada terminou com apenas 11 episódios na NBC, mas eles continuaram gravando capítulos para uma eventual oitava temporada, que já não tinha uma emissora para exibi-la. No fim, a ABC resgatou a série para a oitava e a nona temporadas, e tudo terminou em 2010.
6. 30 Rock
Reprodução/NBC
A comédia criada por Tina Fey e vencedora do Emmy, 30 Rock, encerrou a produção da segunda temporada com 15 episódios sem muitos problemas, mas o maior impacto criativo só ocorreu em 2010. Enquando a segunda temporada terminava, em 2008, os atores gravaram um episódio ao vivo para o Upright Citizens Brigade, grupo de comédia de improviso e de esquetes que emergiu do ImprovOlympic, em Chicago, em 1990.
Quando a greve terminou e a produção da série voltou a trabalhar, Tina Fey e o showrunner Robert Carlock começaram a ter sérias discussões com a NBC para que eles produzissem um episódio ao vivo para a rede. Embora tenha sido planejado para a quarta tempora, o episódio foi reprogramado para o quinto ano. Intitulado "Live Show", o episódio finalmente foi ao ar em 2010, e os atores precisaram atuar duas vezes, por causa dos horários da Costa Leste e da Costa Oeste.
5. Dr. Horrible's Sing-Along Blog
Reprodução
A websérie musical criada por Joss Whedon, Dr. Horrible Sing-Along Blog, não foi prejudicada pela greve de 2007-2008 porque a ideia nasceu justamente durante a paralisação, no que Whedon chamou de uma "crise de meia-idade". Ele aproveitou o tempo parado e financiou a série inteira do próprio bolso, finalizando tudo em cinco meses. Durou pouco, mas recebeu críticas excelentes e, hoje, continua sendo um exemplo de rentabilidade para seriados produzidos exclusivamente para a internet, sem a interferência de grandes estúdios.
4. Battlestar Galactica
Reprodução/Syfy
A elogiadíssima série de ficção científica Battlestar Galactica acabou tendo sorte. O último episódio produzido antes da paralisação foi feito como um possível series finale, mas a série voltou para mais nove episódios, e o criador, Ronald D. Moore, teve tempo de reformular a história e entregar um final melhor.
3. Star Trek: The Next Generation
Reprodução/CBS
A greve de 1988 foi a mais longa da história até o momento e interrompeu a produção da segunda temporada de Star Trek: The Next Generation. Como resultado, em vez de 26 episódios foram feitos 22, e, com uma janela de produção mais curta, a série foi buscar inspirações de roteiro fora da sala de roteristas. Como resultado, o episódio de estreia da temporada, "The Child", foi adaptado de um roteiro originalmente escrito para um projeto de 1970 de outra série Star Trek, intitulada Phase II, que acabou não vingando.
2. Heroes
Reprodução/NBC
Depois da primeira temporada aclamada pela crítica, o segundo ano da série da NBC sofreu com críticas negativas e o desprezo dos fãs, que não gostaram dos novos personagens, que tomaram muito tempo na tela, além de uma viagem no tempo que se arrastava e ficava cada vez mais sem sentido. O negócio foi tão feio que o próprio criador da série, Tim Kring, pediu desculpas publicamente e admitiu que, de fato, os roteiros estavam ruins.
Com a greve, o segundo ano de Heroes teve apenas 11 episódios, mas Kring teve tempo de reestruturar e repensar várias histórias, o que não deu certo. A série acabou amargando uma audiência péssima e terminou na quarta temporada com críticas bem negativas.
1. Breaking Bad
Reprodução/AMC
Existe uma lenda em torno de Breaking Bad durante a greve dos roteiristas. Dizem que, originalmente, Jesse Pinkman (Aaron Paul) morreria logo na primeira temporada. Como o primeiro ano foi encurtado de nove para sete episódios, o criador da série, Vince Gilligan, fez alguns ajustes.
Os dois últimos episódios da primeira temporada iriam mostrar indícios de que Walter White (Bryan Cranston) seria conhecido como Heisenberg, o chefão do tráfico. Com a greve, Gilligan e a emissora AMC descartaram esses episódios e resolveram desenvolver a história mais lentamente. O resto é a história que nós já conhecemos e que tornou Breaking Bad uma das melhores séries desta década.
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