Uma Thurman revela que foi assediada por Harvey Weinstein e fala de acidente em Kill Bill
No último sábado (3), o The New York Times publicou uma matéria em que Uma Thurman revela detalhes sobre os casos de assédio sexual nas mãos de Harvey Weinstein. A atriz também contou sobre sua primeira experiência de abuso sexual, quando tinha 16 anos, bem como sobre o acidente durante as gravações de Kill Bill, quando segundo ela Quentin Tarantino colocou sua vida em risco. Diante das recentes denúncias que marcaram Hollywood no fim do ano passado, Thurman mencionou em novembro que tinha uma história para contar, mas que estava esperando estar "com menos raiva" para se pronunciar a respeito.
Harvey Weinstein
Uma Thurman, que já trabalhou em sete filmes do estúdio de Weinstein (Miramax), revelou para o jornal que o produtor já a atacou sexualmente e ameaçou arruinar sua carreira. Segundo a atriz, a primeira situação aconteceu logo após o sucesso de Pulp Fiction, quando Weinstein a convidou para ir ao seu quarto em um hotel em Paris e tirou o roupão. Após ser questionado por Thurman, Weinstein ficou irritado e saiu. A descrição da situação é parecida com a de outras vítimas do produtor, e a atriz afirma que seu silêncio a faz se sentir mal por todas as mulheres que foram assediadas depois dela: "Eu sou um dos motivos pelos quais uma jovem entraria sozinha no seu quarto, do mesmo jeito que eu entrei".
O segundo caso aconteceu em um hotel em Londres em outra ocasião. Thurman alega que o produtor a empurrou e tentou agarrá-la e que, apesar de ter feito várias tentativas desagradáveis, não chegou a estuprá-la. "Você fica como um animal tentando se desvencilhar, como um lagarto. Eu fiz o que podia para colocar o trem de volta nos trilhos. Nos meus trilhos, não nos dele". No dia seguinte, ela recebeu um buquê de rosas amarelas com um cartão escrito "Você tem ótimos instintos".
A atriz quis confrontá-lo pessoalmente e levou sua amiga Ilona Herman para ser testemunha, mas contou que os assistentes de Weinstein têm suas próprias maneiras de fazer as atrizes irem até o quarto do produtor e que foi pressionada a ir até lá sozinha. No quarto, Thurman afirma ter dito: "se você fizer com outras pessoas o que fez comigo, vai perder sua carreira, sua reputação e sua família, eu prometo isso". Um representante de Weinsten, que está em terapia no Arizona, confirmou que ela "pode muito bem ter dito isso".
Em resposta às afirmações de Uma Thurman, um representante de Weinstein publicou uma declaração em nome do produtor. Segundo o documento, apesar de Weinstein ter tentado se relacionar com a atriz há 25 anos, ele não interpretou bem seus sinais, se arrependeu e se desculpou imediatamente, mas as acusações de assédio físico são falsas. O representante mostrou fotos dos dois juntos e indicou que havia um "forte relacionamento" entre eles. Weinstein ameaçou processar Uma Thurman pelas acusações.
Acidente durante as gravações de Kill Bill
Ainda para a matéria do The New York Times, a atriz, que ficou conhecida como a musa de Tarantino, afirmou ter contado para ele sobre a situação com o produtor. O diretor inicialmente não deu atenção, mas depois confrontou Weinstein sobre o caso em 2001, fazendo com que ele lhe pedisse desculpas.
Entretanto, Uma Thurman afirmou que seu incidente com Weinstein prejudicou sua relação com Quentin Tarantino. Depois de 9 meses filmando Kill Bill (antes de o filme ser dividido em dois volumes) e apenas 4 dias antes de encerrar as gravações, Tarantino induziu Thurman (e não um dublê) a dirigir um carro perigoso em uma estrada de areia. Depois de um técnico da produção contar que o carro era perigoso, a atriz se negou a participar da cena, mas acabou cedendo depois de muita insistência do diretor.
Thurman perdeu o controle do veículo, saiu da estrada e atingiu uma árvore, o que causou ferimentos graves em suas costas e seus joelhos, gerando danos que duram até hoje. Ela afirmou que quis processar a Miramax, mas a empresa só liberaria a gravação se ela assinasse um contrato dizendo que não os iria responsabilizar pelo caso. Todos os envolvidos na produção sabiam da gravidade do vídeo, e Uma Thurman só conseguiu a gravação recentemente, 15 anos depois do acidente.
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A atriz disse que o acidente e suas consequências a afetaram mais profundamente do que o assédio de Harvey Weinstein: "Harvey me atacou, mas isso não me matou". Tarantino ainda não respondeu às recentes declarações da atriz.
Este texto foi escrito por Juliana de Carvalho via n-Experts.
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