Mudo é mais uma história fraca com trama cyberpunk

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A Netflix não é popularmente conhecida por seus filmes originais; sua real força na cultura pop se deve às séries. Beasts of No Nation, First They Killed My Father e Okja são alguns dos poucos exemplos cinematográficos produzidos pela empresa que realmente conseguiram um status mais respeitado por público e crítica. Mudo, dirigido por Duncan Jones, é apenas mais um longa vazio que não consegue entreter — muito menos criar uma história envolvente.

Na trama, Leo (Alexander Skarsgard) é um barman que viveu desde a infância sem voz, por causa de um acidente. Sua vida começa a sair completamente do eixo quando sua namorada Naadirah (Seyneb Saleh) desaparece, e ele começa sua jornada em busca dela.

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Um dos grandes problemas de Mudo está em como o roteiro, escrito por Duncan Jones e Michael Robert Johnson, desenvolve seu protagonista. Leo não possui a fala convencional, então isso torna mais difícil de entendê-lo, porém o texto não se esforça em torná-lo compreensível; pelo contrário: abusa de cenas com o personagem escrevendo em um bloquinho de papel. Isso tranforma o foco da história em alguém nada carismático, ainda mais quando o longaA Forma da Água deixa claro como alguém com ausência de voz pode ser interessante.

A narrativa fica ainda mais confusa com os personagens Cactus Bill (Paul Rudd) e Duck (Justin Theroux), que ganham cada vez mais espaço depois do segundo ato. Além de motivações confusas em uma relação de amizade entre eles, existem situações envolvendo os dois que são inconclusivas, deixando aquela sensação de ponta-solta. Tudo fica ainda pior conforme a trama insinua pedofilia e desvenda o desaparecimento de Naadirah com uma explicação ilógica.

O universo futurista de Mudo não é coerente com seu próprio nível de tecnologia, já que ele consegue criar robôs sexuais muito mais desenvolvidos do que os dos dias atuais, mas não recria esse ponto evolutivo em outros segmentos simples do cotidiano. Por exemplo, o visual parece à frente da nossa época nas cenas noturnas, quando o uso de efeitos especiais é mais efetivo; já nas cenas diurnas, não ficam tão evidentes tais avanços tecnológicos na sociedade, ainda mais nos cenários urbanos.

Duncan Jones tenta criar em Mudo um cyberpunk que lentamente mostra seu protagonista buscando pistas sobre o desaparecimento de sua amada, mas que soa totalmente artificial na construção de universo, no que dá motivação a personagens importantes da história e, principalmente, no terceiro ato, em que aplica um plot twist fraquíssimo e repleto de situações expositivas. No desfecho, o que há de melhor no novo longa da Netflix é a lembrança de Lunar, lançado em 2009 e até hoje o melhor trabalho do diretor, por causa de um easter egg feito quando a história de Mudo já se tornou desinteressante.

Este texto foi escrito por Gustavo Rodrigues via n-Experts.

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