Life Sentence: nova série de Lucy Hale é fofa, mas dispensável (opinião)
Imagine que você viveu toda sua adolescência e parte de sua juventude como se fosse morrer amanhã. Aproveitando cada momento intensamente, não se preocupando em fazer planos a longo prazo e, por isso, sem precisar assumir nenhuma responsabilidade. E o melhor: tudo com o apoio (e a empatia) dos seus amigos e de sua família.
Esse é o caso de Stella (Lucy Hale). Ou pelo menos era, já que começamos a acompanhar sua história no dia em que ela descobre que está curada de seu câncer terminal. Obviamente, isso muda todas as expectativas que a garota tinha para sua vida e, principalmente, suas relações com a família que a protegia de toda a negatividade que o mundo real tem a oferecer.
A partir do gancho inicial [quase] inédito, a história se torna basicamente mais uma série sobre famílias disfuncionais, mas que se amam. Hum, que inovador... Não me levem a mal, o piloto não é ruim, mas também não é bom o suficiente para que fiquemos ansiosos pelo próximo capítulo. A melhor palavra para Life Sentence seria: inofensiva.
O relacionamento entre Stella e o marido Wes (Elliot Knight) é adorável, e a química entre os atores funciona bem ao representarem um casal que precisa se conhecer de novo agora que seus papéis mudaram e seu relacionamento, que tinha prazo de validade, passa a ser um compromisso para a vida toda.
Stella e Wes tem o relacionamento dos sonhos... até descobrirem que ela não vai morrer tão cedo. Fonte da imagem: Divulgação/The CW.
O problema é que todas as histórias paralelas passam a sensação de “eu já vi isso antes... e melhor”. O irmão perdedor/mulherengo que ainda não saiu da casa dos pais, a irmã presa no papel de mãe que deixou de viver os seus próprios sonhos, e os pais em crise.
Ao mesmo tempo, nenhum dos problemas passa gravidade, pois tudo sobre a série é leve: a paleta de cores, a trilha sonora, os diálogos e mesmo a direção, já que os atores mesmo em cenas de brigas buscam a comicidade.
Talvez o câncer de Stella tenha sido só um artifício para explicar por que uma menina de 20 e poucos anos ainda estaria tão distante da realidade e dos problemas de sua família, e não me surpreenderia se a doença fosse esquecida em breve pela trama. Afinal, de que outra forma criar uma menina sem completa noção do mundo a sua volta, perdida na vida que ainda não começou de verdade e sem a fazer parecer uma millennial por quem o público não sentiria empatia?
Se Life Sentence não mostrar a que veio no próximo episódio ou mesmo conseguir criar nos espectadores um apego a esses personagens, não deve sobreviver ao cada vez mais prolífico mercado das séries de TV.
Mesmo que não estejamos morrendo (e, bom, de certo modo todos estamos e.…), a vida é muito curta para assistir a séries tão genéricas.
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