Shonda Rhimes e elenco de Scandal comentam final da série
Atenção: este texto contém spoilers do final de Scandal
Mellie (Bellamy Young) finalmente virou presidenta, David Rosen (Joshua Malina) retornou à Procuradoria Geral dos Estados Unidos, Olívia Pope (Kerry Washington) e os Gladiadores vão a público para denunciar a existência e as atividades do B613.
Cyrus Beene (Jeff Perry) e Jake Ballard (Scott Foley) estão em pânico. É assim que começa o episódio final de Scandal, "Over a Clif" [Sobre um Penhasco, em tradução livre].
Mas a forma como ele termina foi o que deixou os fãs malucos — algo que, convenhamos, é uma especialidade da criadora da série, Shonda Rhimes. "Eu queria um spoiler para manter para mim mesma para sempre", disse Rhimes.
Na parte mais subjetiva do episódio, meninas negras aparecem visitando a Smithsonian’s National Portrait Gallery, uma galeria do Instituto Smithsonian, em Washington, que exibe retratos de ex-presidentes dos Estados Unidos, na qual está exposta uma imagem de Olivia junto a uma galeria de fotos oficiais. Será ela a próxima primeira-dama? Ou a próxima presidenta? Essa é a parte que a série deixa em aberto — mas ao mesmo tempo bem escancarada.
Com relação aos destinos dos personagens recorrentes de Scandal, no fim Rowan testemunha diante do grande júri; Jake é preso; Cyrus renuncia; e os gladiadores ficam livres — mas será que ficam mesmo?
Depois de passar sete temporadas indo e voltando do lado bom para o lado ruim, fazendo coisas de moral duvidosa — e outras certamente imorais —, mas muitas delas em nome do bem comum, Olivia e seu time finalmente se veem livres da prisão, mas ainda presos em seus próprios demônios.
Moral, corrupção, raça
A Casa Branca corrompe, segundo Shonda Rhimes. “Olivia começou como a personagem que nós conhecíamos que acreditava muito em quão importante era esse tipo específico de poder e como moldá-lo e fazer parte dele — e nós a assistimos, como todo mundo, ser absolutamente corrompida por ele. E cometer todos os mesmos erros que todos os outros cometem para conseguir o que ela quer com isso”, disse a autora ao site The Hollywood Reporter.
Em participação no programa do apresentador Jimmy Kimmel, Shonda e o elenco de Scandal, com a presença de todo mundo — Kerry Washington, Guillermo Diaz, Darby Stanchfield, Katie Lowes, Tony Goldwyn, Jeff Perry, Joshua Malina, Bellamy Young, Scott Foley, Joe Morton, Cornelius Smith Jr. e George Newbern —, falaram sobre os últimos dias de gravação e o impacto da série em um momento em que o governo Trump é alvo de críticas extremamente ácidas quanto a temas como homofobia, racismo, machismo e tantos outros problemas.
“Quando Scandal estreou, em 2012, a ideia de que um presidente necessitaria de um gerente de crise parecia fantástica. Esse obviamente não é mais o caso. Trump ser eleito quando você escreve uma ficção sobre a Casa Branca não é justo. É o que aconteceria com Game of Thrones se de repente alguém descobrisse dragões”, disse o apresentador na abertura do programa.
Porém, além de tratar dessa questão do poder corrompido e de como a corrupção parece ser inerente ao ser humano quando exposto a posições de poder, a series finale também ataca a questão racial — principalmente por meio do discurso do personagem Rowan.
No depoimento ao júri, o pai de Olivia diz que é irônico que tantos rostos brancos que passaram pela presidência tenham tido os problemas de seu governo resolvidos por um homem negro, que no fim das contas era o verdadeiro responsável pelas decisões tomadas. E a própria cena quase ao final, com as meninas olhando de um jeito cheio de inspiração para o retrato de Olivia, também reforça a pegada racial da série de Shonda Rhimes.
Scandal foi, afinal, a primeira série protagonizada por uma mulher negra nos últimos 37 anos nos Estados Unidos, e isso não é pouca coisa.
E você, o que achou do final?
Este texto foi escrito por Lu Belin via nexperts.
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