Reviravolta: o que esperar depois da ação do Mayday em The Handmaid's Tale?

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Poucas séries conseguem arrebatar a audiência e surpreender tanto as expectativas com a mesma força, sofisticação e o poder de convencimento de The Handmaid's Tale (Hulu). Dona de nada menos do que 40 prêmios internacionais, a obra, cuja primeira fase foi toda baseada em "O Conto da Aia", o livro “profético” de Margaret Atwood, não tem decepcionado em nada quem já assistiu aos primeiros episódios da segunda temporada, lançada nos Estados Unidos no fim de abril.

Nesta fase, The Handmaid's Tale vai além da obra literária e explora a vida em Gilead após a fuga (e a recaptura) de Offred (Elisabeth Moss). Muitas são as surpresas e revelações, mas é no sexto episódio, exibido pela Hulu no último dia 23, que acontece uma reviravolta impressionante, com (alerta de spoiler!) a primeira grande demonstração de insurgência do Mayday, o grupo secreto que se rebela contra as arbitrariedades do alto escalão de Gilead: um atentado que pode ter matado dezenas de comandantes (e aias).

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Atores e produtores de The Handmaid's Tale contaram ao site The Hollywood Reporter como interpretaram a reviravolta do sexto episódio e o que podemos esperar da continuação da série – então nós selecionamos os melhores trechos e apresentamos cada um deles neste post. Na sequência, falamos sobre três destaques que, na nossa opinião, fizeram a primeira metade da segunda temporadaThe Handmaid's Tale ser memorável. Confira!

Elisabeth Moss (June/Offred)

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“Acho que [a transição entre o sexto e o sétimo episódios] marca um momento de alerta para os Waterford; afinal, apesar de não estar se desfazendo por completo, Gilead já mostra suas primeiras rachaduras. É muito importante lembrar que até mesmo um regime fascista – representado pelos comandantes e burocratas de Gilead – também tem suas fraquezas e seus dramas. É crucial evidenciar a vulnerabilidade do comandante Waterford (Joseph Fiennes). Também acho interessante que justo a personagem que teve a sua voz calada (literalmente) seja aquela que detona a grande reviravolta – violenta, sim, e até mesmo controversa, mas necessária. Gilead precisava dessa movimentação, dessa demonstração de que as coisas estão ruindo. Há mais mulheres do que homens nessa história, e, quando as mulheres se juntam, têm muito poder. Ofglen (Tattiawna Jones) é a materialização desse sentimento.”

Joseph Fiennes (comandante Fred Waterford)

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“O que eu amo no sexto episódio são as perguntas que ele deixa no ar: quão longe você iria em nome da resistência? O que você considera correto? Será que suas atitudes podem se transformar no que há de mais opressivo e sufocante no objeto da sua própria resistência? O que vemos é uma aia tirando a vida de diversos comandantes, mas provavelmente ferindo e matando também outras aias. A resistência oscila entre a tristeza e a alegria, mas será que existe uma linha que divide os dois sentimentos? Acho interessante se questionar até onde você iria e o que você faria. [A explosão] tem um quê de terrorismo, mas me pergunto: será que realmente ajuda o movimento de resistência? Esse ataque certamente fragiliza Fred e o alto escalão de Gilead, que sempre agiram de maneira horrenda, como se fossem intocáveis – algo que também vemos na vida real. Eles se veem em uma posição de vulnerabilidade provocada por quem jamais pensariam que lideraria um movimento de insurgência. O impacto vai ser devastador. Se Fred sobreviver, ele provavelmente estará à mercê de Offred e até mesmo fragilizado pelo trauma da explosão, mas também mais atento e pronto para revidar.”

Ann Dowd (tia Lydia)

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“Lydia está finalmente percebendo que há uma movimentação paralela às lideranças de Gilead muito mais poderosa do que ela imaginava. Tenho certeza que ela esperava que houvesse resistência, mas não no nível do que vemos no sexto episódio da segunda temporada – e a morte das aias atingidas pela explosão orquestrada por Ofglen certamente vai deixar Lydia abatida. Também é interessante a contraposição entre a maneira como enxergamos os terroristas – em tese, pessoas cujo objetivo é destruir a vida humana a qualquer custo – e o questionamento: o que ‘suavizaria’ a morte de pessoas inocentes no seu mundo? Estou certa de que Lydia se faz essa pergunta, ela também se questiona sobre o que vem sendo feito e os efeitos disso tudo. O mundo está devastado, e só pioramos a situação. O que há por trás dessa movimentação paralela? O que vai ser conquistado aqui? No fim das contas, acho que é um belo alerta para o sistema de segurança de Gilead.”

Bruce Miller (produtor executivo e criador da série)

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“[O fim do sexto episódio] dá início a uma grande transformação em Gilead. Achamos que seria interessante explorar a ideia de uma mulher-bomba e de que nós torcêssemos por ela. Que tipo de reação isso traria? Queríamos estimular um misto de sentimentos. Em grande parte, fizemos isso para mostrar que as mulheres e o Mayday estão cada vez mais fortes e organizados, mas também tínhamos a intenção de mostrar que o Mayday não é necessariamente uma sociedade de resgate das aias. Aliás, mostrar como elas são vulneráveis é uma boa maneira de atacar Gilead. Até Offred vai perceber: o Mayday pode continuar existindo, mas isso não torna as aias menos suscetíveis do que qualquer um naquele cenário. Elas podem, de fato, ser inimigas de Gilead, mas não deixam de ser parte daquela sociedade. Afinal, em que medida uma ação dos integrantes do Mayday pode encorajar e aterrorizar ao mesmo tempo? Era isso que queríamos levantar. Nos próximos episódios, veremos a maneira absolutamente terrível como Gilead vai reagir a essa movimentação.”

Warren Littlefield (produtor executivo)

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“Para mim, parece inevitável que, em um mundo distópico e fascista como Gilead, haja, em algum momento, uma reação extremista a tudo o que tem sido feito. É controverso: os fins justificam os meios? O que se perde com isso? E o que se ganha? É bom para o movimento de resistência? Quem vamos perder nessa batalha? É um chamado ao aprendizado e ao desafio de lidar com a nossa própria realidade: os atos de terrorismo e como nos amedrontamos com eles. Dificilmente admiraríamos um ato terrorista, mas nossa proposta é lutar com a complexidade desse sentimento. No mundo real, atos terroristas acontecem, são parte do jogo de forças, nós sabemos, mas será que achamos mesmo que isso justifica a violência? Certamente não, mas é inevitável que isso aconteça no mundo que nós mesmos criamos. Consideramos que isso deveria ser colocado na série, e o sétimo episódio trará as primeiras repercussões.”

Destaques da primeira metade da segunda temporada

Os seis primeiros episódios da segunda temporada de The Handmaid's Tale são marcados por pequenas reviravoltas que surpreendem até o fã mais criativo da série, mas, para nós, parece interessante prestar atenção a alguns detalhes. São eles:

A cena de June sendo arrancada de dentro do avião no qual fugiria para o Canadá, no terceiro episódio, é emblemática. Ela marca o renascimento da personagem como Offred e a volta ao terror que é ser uma aia refém das atrocidades de Gilead. É o início de uma fase difícil, em que Offred parece perder as esperanças – até que tudo volta a mudar, e ela ganha novo fôlego. É curioso fazer a contraposição entre a ideia que Holly (Cherry Jones), mãe de June, fazia da filha (a ideia de uma mulher acomodada no emprego e no casamento) e a June que resiste bravamente por trás da Offred escravizada.

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A trajetória de Serena Waterford (Yvonne Strahovski) também vai ficando mais interessante à medida que a gravidez de Offred avança e que a sua própria história vai sendo revelada por meio de lembranças dos tempos pré-Gilead. Serena era uma mulher ativa e autônoma, que acreditava na legitimidade daquilo que defendia, mas a influência do marido, Fred, parece mudar a ordem das coisas. A Serena pós-Gilead está fragilizada, vulnerável, incerta sobre as próprias crenças. É interessante observar como ela oscila entre o papel de uma legítima esposa de comandante e o de uma mulher sensível e crítica às limitações impostas também a ela pelo novo contexto político.

Até certo momento, somos levados a crer que a organização secreta Mayday foi desfeita ou, no mínimo, perdeu grande parte da força que tinha na primeira temporada. Apesar disso, o encerramento do sexto episódio da segunda temporada mostra que, na verdade, ainda há muito a ser revelado sobre a atuação do grupo e o futuro da série. Mais do que nunca, agora é a hora de esperar grandes mudanças em Gilead.

O último destaque vai para a trilha sonora. As músicas, quase sempre interpretadas por cantoras ou grupos exclusivamente femininos, são cuidadosamente escolhidas para ilustrar o caráter revolucionário da história das mulheres de The Handmaid's Tale – nem que seja para apontar uma revolução ainda embrionária, que se prepara para nascer.

E você, o que destacaria na segunda temporada da série? O que espera a partir do sétimo episódio? Compartilhe com a gente nos comentários!

Este texto foi escrito por Rodrigo Paredes via nexperts.

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