Voz feminina: para Glenn Close, A Esposa é exemplo de diversidade no cinema
Glenn Close pode ainda não ter um Oscar para chamar de seu, mas acaba de dar um passo à frente na disputa pela estatueta mais desejada do universo cinematográfico. Nesta semana, Close foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz por sua atuação em A Esposa, filme que conta a história de uma mulher que se questiona sobre os 40 anos que passou sacrificando seus próprios planos em nome da carreira do marido, um renomado escritor, vencedor do Nobel de Literatura.
Em A Esposa, Close, que fora das telas é uma figura discreta, quase ausente dos agitos de Hollywood, dá vida a uma personagem que faz o espectador se questionar sobre a invisibilidade de uma série de papéis femininos na sociedade – missão que a atriz considera importante e necessária. “Temos um filme baseado no livro de uma mulher, com o roteiro de uma mulher e com trilha sonora e edição assinadas por mulheres. Esse é o caminho, o caminho da igualdade”, disse em uma entrevista recente.
A Esposa reforça luta do movimento #MeToo
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Foto: Reprodução/IMDb
O timing do filme não podia ser melhor. A produção, que quase não saiu do papel, veio à tona em um momento em que muitas mulheres da indústria midiática se somam ao movimento #MeToo, que luta por mais respeito e igualdade em um ambiente marcado por denúncias de escândalos sexuais e pela injustiça dos desequilíbrios salariais entre homens e mulheres. “Gravamos tudo em 2016, antes do #MeToo, mas [o lançamento tardio pela Sony Classics] foi muito bem administrado”, disse.
O longa, que vem sendo bastante elogiado pelo público e pela crítica, ganhou ainda mais repercussão depois do discurso de Close na cerimônia de entrega dos Globos de Ouro, no início de janeiro. Na ocasião, a atriz citou a história de sua mãe para reforçar como A Esposa é um filme necessário e importante. “[Minha mãe] se anulou a vida inteira em prol do meu pai. Só aos 80 anos de idade ela virou e me disse ‘Sinto que não conquistei nada’, e isso foi muito desconcertante”, revelou.
“Temos nossos filhos e nossos maridos, mas precisamos encontrar sentido por conta própria. Precisamos seguir os nossos sonhos, temos de ser capazes de dizer ‘Eu posso fazer isso!’, ‘Eu deveria poder fazer aquilo!’”, completou a atriz, que comemorava a vitória do Globo de Ouro de Melhor Atriz em Drama. “Foi um papel diferente de tudo o que já fiz”, disse. Para Close, A Esposa pode ser um marco na indústria do cinema, estabelecendo um padrão mais igualitário para futuras produções.
Rodeada de talentos
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Foto: Reprodução/IMDb
Questionada sobre o sucesso de sua personagem, a atriz elogiou a equipe com quem dividiu os sets de filmagem: “Björn Runge foi um diretor maravilhoso, alguém em quem pude confiar e que me deu uma liberdade enorme. Jonathan Price também foi um colega incrível, e minha filha foi quem interpretou as cenas de flashback, então também tive nela uma parceira enorme nesse projeto”, disse. Para os desavisados, Annie Stark, filha de Glenn, é a atriz que interpreta Joan Castleman mais jovem.
A indicação ao Oscar por A Esposa é a sétima na carreira de mais de três décadas de Glenn Close. Anteriormente, ela foi indicada por sua atuação em Albert Nobbs (2011), Ligações Perigosas (1988), Atração Fatal (1987), Um Homem Fora de Série (1984), O Reencontro (1983) e O Mundo Segundo Garp (1982), que não chegaram a render estatuetas à atriz. Além da extensa carreira no cinema, Close, que leva uma vida bastante reservada, tem um currículo grandioso de atuações teatrais.
Questionada sobre a indicação ao Oscar, a atriz revelou ter recebido a notícia pelo irmão, já que estava de repouso por conta de um resfriado. “Fiquei surpresa, além de muito orgulhosa de ter feito parte de algo que dialoga com tanta gente. Estou especialmente feliz por ter participado da criação dessa personagem com minha querida filha Annie. Sou muito grata por isso!”, disse. O filme A Esposa, baseado no livro homônimo de Meg Wolitzer, estreou no Brasil no último dia 10 de janeiro.
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Este texto foi escrito por Rodrigo Sánchez via nexperts.
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