Guerra Fria: diretor de fotografia comenta sobre filmar em preto e branco
Vencedor de 27 prêmios, dentre eles o de Melhor Diretor no Festival de Cannes e o de Melhor Filme no European Film Awards, o polonês Guerra Fria tem se posicionado como um dos principais candidatos a faturar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro na noite do dia 24 de fevereiro, com indicações também nas categorias de Melhor Diretor e Melhor Fotografia.
Até lá, porém, o filme de Pawel Pawlikowski tem como principal concorrente o mexicano Roma e a influência de anos de Alfonso Cuarón em Hollywood, o que vai tornar a disputa ainda mais interessante, visto que ambas são elogiadas produções de época e, por coincidência, rodadas em preto e branco.
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(Divulgação/California Filmes)
Sendo a primeira vez que dois longas-metragens monocromáticos disputam a estatueta de Melhor Fotografia em mais de 50 anos, o Deadline conversou com o diretor de fotografia Lukasz Zal a respeito das motivações em filmar em preto e branco e como isso contribui artisticamente:
"Os dois filmes são sobre memórias e sentimentos muito profundos para ambos os diretores, e eu acho que é bastante real e honesto", conta Zal. "Acho que nós remontamos a esse tempo do passado e, em nosso filme, queríamos nos ligar aos anos 1950 e 1960, com a ideia de construir nossa própria interpretação do mundo e criá-lo a partir de memórias. O preto e branco ajuda muito a adicionar algumas bases icônicas."
Premiado no Florida Film Critics Circle Awards, Zal utilizou câmera Arri Alexa XT e lentes Ultra Prime e Angenieux Zooms na captação do filme para atribuir um aspecto mais documental, a julgar pela movimentação estática e por uma estilização dos cenários a partir do controle da profundidade de campo e enquadramentos.
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"Tudo muda quando você filma em preto e branco – figurino, maquiagem, cabelo, design de produção – porque você está procurando o contraste em todos os lugares. Você está olhando para uma realidade diferente", Zal explica sobre o longa situado entre a Polônia stalinista e a Paris boêmia dos anos 50. "Em geral, esse filme e essa história de amor eram tão tumultuados que pensamos que não encontraríamos a cor nisso. Quando começamos a trabalhar, tentamos a cor, mas depois de 2 semanas, percebemos que deveria ser preto e branco. A Polônia, durante esse tempo, era muito cinza. Era esverdeada e em preto e branco. Acho que foi mais fácil entrar nesse trabalho e criar sua própria interpretação que existe na memória. Nós estávamos desenhando a partir disso."
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Indagado sobre as indicações ao Oscar, Zal comentou: "Nós não esperávamos nada. Nós estávamos colocando nossos corações no filme e, de repente, estamos aqui. Eu sou muito grato por ter sido convidado para essa jornada, para construir esse mundo juntos. […] Quando terminamos [o filme], estávamos chorando. Foi algo realmente especial para todos nós".
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Distribuído pela California Filmes, Guerra Fria chega aos cinemas brasileiros no dia 7 de fevereiro.
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Este texto foi escrito por Thiago Cardoso via nexperts.
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