Trilha sonora de Nasce Uma Estrela constrói seus protagonistas

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Nasce Uma Estrela, protagonizado por Bradley Cooper e Lady Gaga, é a quarta versão do longa que já foi para as telonas nas décadas de 30, 50 e 70. Todas contam a mesma história, mas com diferenças importantes de narrativa que são condizentes com a época em que foram lançadas, considerando contextos históricos da sociedade. Outro alicerce que essas produções possuem é a forma como a trilha sonora se comunica com a trama, tornando cada canção elemento-chave de construção de personagem.

Esse conceito narrativo é um dos alicerces de efetividade da versão produzida e dirigida por Bradley Cooper, estreando em sua carreira de diretor. O filme começa com Jackson em um show apresentando “Black Eyes”, que já dá detalhes de como o personagem se sente consigo mesmo. Essa abertura do longa é um dos pontos que mais dão vida à produção, pelo impacto audiovisual gerado no público. E ver o concerto no cinema faz total diferença, visto que o som preenche o espaço e transporta o espectador para a plateia. A cena foi gravada durante o intervalo de 8 minutos dos shows de Jamey Johnson e Willie Nelson no Festival Stagecoach de 2017, o que torna mais palpável a atmosfera criada.

Entretanto, nenhuma das canções do longa conseguiu atingir o mesmo sucesso de “Shallow”, que deve passar pela temporada de premiações invicta. É a primeira canção que une os dois artistas em um dueto, além de apresentar a entrega emotiva que cada um dá ao outro, seja na conversa descontraída no estacionamento na noite em que se conheceram ou na apresentação durante a qual ele a convence a subir no palco. A música composta por Lady Gaga, Mark Ronson, Andrew Wyatt e Anthony Rossomando tornou-se o resumo de como o público se apaixonou pela história de Ally e Jackson, o que faz da apresentação dela um dos momentos mais esperados do Oscar 2019.

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“Shallow” é a ponte que modifica o longa do primeiro ato para o segundo. Depois dela, os protagonistas não são mais os mesmos. Jackson, já encantando pela recém-conhecida cantora, encontra felicidade máxima quando não sabia o caminho para isso; enquanto isso, Ally tem a maior guinada em sua vida, ao atingir o caminho profissional com que sempre sonhou. A profundidade emocional entoada no refrão é a síntese de um dos momentos mais importantes da trama, que ganha ainda mais intensidade quando a cantora se liberta de suas amarras.

A partir daí, os duetos de Jackson e Ally se tornam mais emotivos. “Music to My Eyes”, “Diggin’ My Grave” e “I Don’t Know What Love Is” representam as nuances que envolvem o relacionamento dos dois. Ao mesmo tempo, as canções que entoam sozinhos representam aspectos totalmente opostos ao que eles vivem. Enquanto o personagem de Bradley Cooper é atormentado pela dificuldade crescente e por traumas do passado, suas canções criam questionamentos e lembranças de momentos importantes da vida, como sua relação complicada com o pai. Enquanto isso, a artista é seduzida pela indústria da música, fazendo uma alusão clara ao que ocorreu com a própria Lady Gaga em sua carreira, e tem composições pobres (porém populares), mas ainda se mantém ativa buscando melhores obras.

Uma das canções de Ally, quando o relacionamento entre o casal está mais conturbado, é a performance mais triste da trama. “I’ll Never Love Again” é uma canção de luto desesperançosa no ponto de vista de quem precisa ver a pessoa amada partir e não consegue aceitar a ideia de seguir em frente. O ponto alto dela é o verso final, que tem a participação do Jackson, dando ainda mais emoção à tristeza que transborda o espectador.

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Nasce Uma Estrela não seria um drama tão eficiente se sua trilha sonora não fosse tão bem executada, seja nas canções pelas quais Jackson dá sinais de seus dramas pessoais, na tristeza que sua amada sente sem ele ou até mesmo nas produções grudentas que refletem o pop da indústria da música. Bradley Cooper transformou o clássico em uma pérola para a atualidade ao dar o devido cuidado ao aspecto musical que a história possui, principalmente tendo Lady Gaga como coprotagonista, a artista ideal para o papel.

Este texto foi escrito por Gustavo Rodrigues via nexperts.

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