Aretha Franklin será tema da 3ª temporada de Genius
Depois de impasses e especulações, a série Genius, da National Geographic, teve, enfim, os rumos de sua próxima temporada definidos. A vida da cantora Aretha Franklin, falecida em agosto de 2018, aos 76 anos, será o tema da terceira fase da produção. Em 2017 e 2018, foram abordados, respectivamente, as trajetórias do cientista alemão Albert Einstein e do pintor espanhol Pablo Picasso.
A renovação de Genius já havia sido acertada em abril de 2018, quando os planos ainda eram homenagear a escritora inglesa Mary Shelley, autora de Frankenstein, considerada a primeira obra de ficção científica da literatura mundial. Diante da notícia da morte de Aretha Franklin, porém, Brian Grazer, da Imagine Television, sugeriu que a história de Mary Shelley fosse adiada, dando lugar à da cantora recém-falecida.
https://tm.ibxk.com.br/2019/02/15/15001249942357.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/02/15/15001249942357.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Foto: Reprodução/The Source
A sugestão foi aceita, mas o time da National Geographic teve de trabalhar duro para garantir que ela saísse do papel. Um dos maiores impasses do projeto tinha relação com os direitos de uso das músicas de Aretha Franklin – problema parcialmente resolvido graças a uma parceria com a Warner Music Group, que negociou a liberação de uso de ao menos 80% do catálogo de canções da estrela norte-americana.
NatGeo anunciou produtores de peso
A responsável pela produção, que será rodada em parceria entre a Imagine Television e a Fox 21 TV Studios, é a premiada dramaturga Suzan-Lori Parks, que encabeça o time de produtores executivos ao lado de nomes como Clive Davis, amigo pessoal de Aretha Franklin, e Craig Kallman, CEO da Atlantic Records. Ken Biller, que esteve na equipe de produtores das temporadas anteriores de Genius, também integra o time.
Em entrevista recente ao portal Deadline, o produtor Brian Grazer resumiu a emoção de contar a história de Aretha. “Ela empoderou gerações através da música. (...) Ao longo de toda a sua carreira, Aretha Franklin usou sua voz para dar visibilidade às pessoas e às causas em que acreditava, especialmente os movimentos pelas mulheres e pelos direitos civis. Quem ouve Aretha consegue ouvir também as súplicas de uma nação dividida em sua voz cheia de alma (...). Aretha superou a dor pelo assassinato de Martin Luther King Jr. para ajudar a curar e unir os norte-americanos com sua música e, no processo, foi a responsável pela definição da essência do R&B em sua fase pós-gospel. Somos muito gratos por ela ter compartilhado tanto com o mundo”, disse.
https://tm.ibxk.com.br/2019/02/15/15001816442358.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/02/15/15001816442358.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Clive Davis e Aretha Franklin. Foto: Reprodução/People
Para Clive Davis, que discursou no funeral da cantora e esteve envolvido na produção de um grande show de tributo à amiga, o sentimento de gratidão por colaborar com a produção da National Geographic é motivo de orgulho. “Aretha e eu tivemos uma amizade de 40 anos, desde quando ela preparou um jantar para mim enquanto conversávamos sobre trabalhar juntos para fazer a sua carreira deslanchar. Sou eternamente grato por ter tido a oportunidade de colaborar com ela e fazer parte de sua brilhante trajetória. Aretha foi um presente para o mundo, uma dádiva que ainda vai durar muitas gerações. Estou entusiasmado para celebrar o gênio dela ao lado de pessoas como Brian Glazer, Ron Howard e o time da Imagine Television”, contou.
Aretha para além da música
Além do gênio musical de Aretha Franklin, a terceira temporada de Genius deve explorar a vida pessoal e os desdobramentos políticos da carreira da cantora. Prodígio do gospel e dona de diversas premiações Grammy, Aretha, considerada por críticos e fãs o maior nome da música de sua geração, foi uma defensora incansável dos direitos civis, além de um exemplo de obstinação e dedicação à música.
https://tm.ibxk.com.br/2019/02/15/15002028755362.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/02/15/15002028755362.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Foto: Reprodução/Thrasher's Wheat
A cantora se acostumou desde muito cedo a sair em turnês de música gospel com o pai, com quem gravou suas primeiras canções. Autodidata, aprendeu a tocar piano sozinha, mas foi aos 18 anos, quando conquistou seu primeiro contrato profissional, assinado com a Columbia Records, que Aretha despontou de verdade.
Dali em diante, o sucesso foi maior a cada lançamento. Da Columbia, a cantora passou para a Atlantic Records, de onde partiu em definitivo para a Arista, de Clive Davis, com quem manteve uma parceria de décadas. Ao longo de sua carreira, Aretha ultrapassou a marca de 75 milhões de cópias vendidas, além de ter tido sua voz simbolicamente reconhecida como “riqueza natural” do estado norte-americano de Michigan, onde nasceu.
Para o CEO da Atlantic Records, Craig Kallman, a história da música se divide em pré-Aretha e pós-Aretha. “Faz 52 anos que Aretha Franklin pisou pela primeira vez em um estúdio de gravação (...), se sentou ao piano, gravou sua primeira faixa para a Atlantic Records e mudou a música para sempre. Ela pegou as raízes do gospel e do R&B e deu novo vigor a elas, com profundidade e espiritualidade. Através do seu talento e da sua humanidade, Aretha transformou inúmeras pessoas e influenciou culturas em todas as partes do mundo. Suas gravações na Atlantic formam um acervo fenomenal, que fará para sempre parte do cânone musical. Estamos muito orgulhosos de ser parte do seu extraordinário legado (...) e de contar a história de Aretha”, disse.
História da cantora está em boas mãos
https://tm.ibxk.com.br/2019/02/15/15002117161364.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/02/15/15002117161364.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Suzan-Lori Parks. Foto: Reprodução/Cleveland
Dona de um prêmio Tony pela proposta de releitura da ópera Porgy and Bess, do compositor norte-americano George Gershwin, Suzan-Lori Parks, líder do time de produtores da terceira temporada de Genius, foi a primeira mulher afro-americana a receber um Pulitzer de Melhor Drama pela peça Topdog/Underdog, de 2001. Outros trabalhos de sucesso de Parks incluem as peças In The Blood e Father Comes Home from the Wars, ambas finalistas do Pulitzer, e Unchain My Heart, musical sobre Ray Charles. Recentemente, ela também escreveu o roteiro de Native Son (2019), longa adquirido pela HBO antes mesmo de sua première, realizada poucas semanas atrás no Festival de Sundance, que aconteceu entre 24 de janeiro e 3 de fevereiro de 2019.
A National Geographic não divulgou muitos detalhes sobre o lançamento da terceira temporada de Genius, mas adiantou que as filmagens devem começar por volta de junho e que os planos são de que os episódios cheguem às telas da TV já nos primeiros meses de 2020, com lançamento mundial em 172 países e tradução para nada menos do que 43 idiomas.
Este texto foi escrito por Rodrigo Sánchez Paredes via nexperts.
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