Big Little Lies mantém qualidade na 2ª temporada, mas tem final anticlimático (crítica)
A HBO exibiu o final da 2ª temporada de Big Little Lies no último domingo (21), deixando a maior parte do público com uma sensação de que algo que estava fechado foi escancarado e esquecido aberto.
Primeiramente, tiremos do caminho o elefante no cômodo: não, Big Little Lies não precisava de uma 2ª temporada. Nem a maioria das pessoas precisa de sobremesa, mas nós comemos mesmo assim.
Por isso, não ficamos insatisfeitos com a volta desnecessária das Cinco de Monterrey, que retornaram com um elenco afiado e uma produção que propõe, e atinge, a excelência em todos os aspectos técnicos. Dito isso, o equilíbrio perfeito da narrativa da primeira temporada não conseguiu ser replicado na sequência por motivos óbvios: ela claramente não estava nos planos.
Fez sentido explorar o quanto uma vítima pode ainda amar e sentir falta de seu agressor em casos intensos de abuso doméstico, mantendo Perry (Alexander Skarsgård) como um fantasma quase literal na vida de sua família. E o fato de Celeste (Nicole Kidman) nunca se submeter ou temer a sogra Marie Louise (Meryl Streep), foi uma boa escolha para a trama central. No entanto, o embate final entre as duas foi mais curto e anticlimático do que o esperado. O “vídeo ex machina” apresentado pela advogada resolveu a situação muito rápida e covenientemente, desvalorizando todo o drama anterior.
Já o stress pós-traumático de Jane (Shailene Woodley) e Bonnie (Zoë Kravitz), ainda que com causas diferentes entre si, foi bem explorado em temática, mas marcaram os momentos mais tediosos da 2ª temporada de Big Little Lies. Essa quebra de ritmo e a falta de um ponto de conversão para todas as personagens, como foi o mistério do assassinato no ano anterior, foram as perdas mais sentidas da série.
Sem ter uma história fechada na qual se basear, ótimos personagens acabaram perdendo suas funções narrativas ou sendo subutilizados – caso da trama paralela de Ed e Madeline. Não me levem a mal, qualquer cena com Adam Scott não é um momento perdido, mas o arco do casamento em crise dos dois foi uma das partes mais fracas da temporada.
A personagem de Reese Whiterspoon se tornou uma coadjuvante no nível “melhor amiga solidária”. Além disso, a pequena e brilhante Chloe (Darby Camp), a melhor pessoa da família Mackezie, praticamente não foi utilizada, assim como todas as crianças com exceção dos gêmeos.
Enquanto uns desapareceram na multidão de talentos, outros se destacaram. Perdão Meryl Streep, mas foi Laura Dern quem roubou a cena no segundo ano de Big Little Lies. O drama da falência de Renata foi uma das poucas novidades que realmente funcionaram e se encaixaram perfeitamente no tom já estabelecido da série.
Tanto a atuação da atriz, quanto as maravilhosas frases de efeito da personagem já ficaram para a história – com destaque para “eu não vou não ser rica!” e “dane-se o aquecimento global, quando eu for rica novamente vou comprar um urso polar para cada criança dessa escola”. Por fim, o momento “Lemonade” (os fãs de Beyoncé vão entender) da executiva foi catártico para todos os envolvidos.
Quando o sétimo e último episódio da 2ª temporada de Big Little Lies parecia se encaminhar para um final ao estilo das novelas do autor Manoel Carlos – com direito a casamento, morte e conciliações –, as cinco protagonistas se encaminharam para a delegacia para (ao que tudo indica) confessar a mentira sobre a morte de Perry.
Com exceção de Bonnie, que caminhava para essa conclusão desde o início, a decisão pareceu repentina para todas as outras. No entanto, o fim pode ter sido menos satisfatório que o da primeira temporada, mas não se pode dizer que foi completamente inconclusivo.
Sim, todos ficaremos nos perguntando as consequências da confissão nas vidas das cinco mulheres, mas ao mesmo tempo parece um final natural para uma série que começou com uma grande mentira resultante de pequenas outras mentiras. Se é que será realmente um final...
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