El Camino: não tão necessário, mas muito bem-vindo (crítica)
Nos idos de 2013, o mundo acompanhava o visceral e intrigante desfecho de Breaking Bad, uma das séries mais queridas de todos os tempos, e Vince Gilligan assumiu a delicada tarefa de presentear os fãs com um filme “bônus”, contando os fatos que sucederam a fuga de Jesse Pinkman.
Após reconquistar sua liberdade, agora o ex-cozinheiro de metanfetamina precisa enfrentar seu passado e buscar uma maneira de sumir do mapa. Para isso, Pinkman – traumatizado pelos tempos de cárcere –, lida com figuras marcantes da obra original, e é nesse quesito que o fan service brilha. A maioria das participações é esperada, mas aquece o coração. Ô se aquece...
O longa alterna constantemente entre eventos do passado e acontecimentos atuais, estabelecendo uma relação de completude. Já os enquadramentos fechados e as perspectivas engenhosas, que eram marcas registradas do seriado e do spin-off Better Call Saul, voltam em cena juntamente do tom pastel e árido típico do Novo México.
Equilibrado e sóbrio, o roteiro se esforça para construir uma narrativa condizente com o pessimismo exposto nos capítulos finais de Breaking Bad. Há pouco frenetismo e prolixidade em demasia: muita coisa é contada e apenas uma parcela disso redireciona para as vias de fato.
(Fonte: Netflix/Divulgação)
Os diálogos continuam instigantes, mas aqui há uma dosagem homeopática e necessária de humor para se alinhar com o tom do filme. É possível dar algumas risadinhas com a carismática dupla Skinny Pete e Badger, bem como se espantar com a imponência e frieza de Todd Alquist, por exemplo. O resto das falas se alterna entre o corriqueiro e frases pensadas para causar impacto.
É inegável que existia uma história pendente a ser contada. Afinal, o que teria acontecido com Jesse Pinkman? El Camino não necessariamente acrescenta nada de mais no que já havia sido concluído, todavia, a justiça é feita por atribuir um merecido desfecho a um personagem tão importante, detentor de uma forte carga dramática e bode expiatório de toda a decadência moral do icônico Walter White.
Se Breaking Bad fosse uma cerveja, El Camino seria um “chorinho” no copo de um fã insaciável, que quer sempre mais e mais da franquia.
Este texto foi escrito por Fabrício Calixto via nexperts.
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