Harriet: estúdio queria Julia Robert no papel de ativista negra
Com Cynthia Erivo como protagonista, a cinebiografia Harriet chega aos cinemas brasileiros em fevereiro de 2020. Contudo, nos anos 1990, a atriz Julia Roberts foi cotada para o papel principal da produção sobre uma das líderes do grupo antiescravista norte-americano.
Com o desejo de levar a história da ativista negra para as telas desde 1994, o roteirista Gregory Allen Howard compartilhou uma passagem quase surreal de bastidores. Em um artigo para o jornal Los Angeles Times, ele conta que executivos de um estúdio sugeriram que a atriz branca interpretasse a membro do movimento abolicionista americano.
“Estava em uma reunião com o chefe de estúdio e ele disse: ‘O roteiro é fantástico. Vamos chamar Julia Roberts para o papel”, recorda. “Quando alguém argumentou que ela não poderia ser a intérprete, ele respondeu: ‘Isso faz muito tempo. Ninguém vai saber a diferença”.
Gregory lembra que o indivíduo que comentou que seria um erro escalar uma atriz branca como protagonista era exatamente “a única pessoa negra” na sala. Então, ele chama atenção para as mudanças que aconteceram em Hollywood nos últimos 25 anos.
Para o roteirista, 12 Anos de Escravidão (2013) e Pantera Negra (2018) foram fundamentais para que pudesse levar para o cinema a história de Harriet Tubman exatamente como gostaria. Assim, ele classifica a produção como um filme de ação e aventura.
“Quando comecei a trabalhar no roteiro, muitas pessoas o tratavam como uma aula de história. O que eu odiava”, comenta. “Lembro-me de alguém perguntando: ‘Harriet Tubman foi realmente uma super-heroína?’. Era exatamente isso que eu queria: transformar a vida dela em algo acessível para o grande público”.
Quem foi Harriet Tubman?
Harriet Tubman foi um importante nome do movimento abolicionista e dos direitos civis nos Estados Unidos. Nascida escrava em 1822, ela conseguiu escapar dos seus senhores em 1849. Após sua fuga, ela participou de ao menos 13 missões que ajudaram a soltar cerca de 70 escravos, entre parentes e amigos.
A ativista foi bastante influente em um grupo antiescravista que mantinha as casas de acolhimento Underground Railroad. Mais adiante, ela ajudou outros líderes abolicionistas a recrutar homens para missões de resgate e revoltas armadas promovidas pelo movimento.
Durante a Guerra Civil Americana (1861-1865), Harriet atuou como espião do Exército da União. Nos seus últimos anos de vida, ela ainda foi uma força notável na luta sufragista feminina. Vítima de pneumonia, a heroína abolicionista faleceu no dia 10 de março de 1913.
Por Luiz Paulo Charleaux via nexperts.
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