Crítica: Por que Aves de Rapina é um filme necessário

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A superprodução do universo DC ComicsAves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, estreou na última quinta-feira (06) no Brasil, e teve até o momento um desempenho abaixo do esperado pela Warner Bros, que em uma tentativa de aquecer a audiência do filme, alterou seu nome para Arlequina em: Aves de Rapina.

Esta mudança atribui ainda mais protagonismo à personagem Harley Quinn (Margot Robbie) e tenta atrair mais público para as salas de cinema.

Divulgação

Com protagonistas femininas e roteiro de Christina Hodson, focado no empoderamento feminino em um mundo de machismo, o longa também apresenta uma mulher na direção, a sino-americana Cathy Yan, que assina sua segunda produção - uma situação nada comum nos chamados ‘filmes de herói’.

O longa apresenta uma identidade visual estética bem diferente de seu filme predecessor, o lamentável Esquadrão Suicida, de 2016.

Em uma Gotham bastante caricata - traiçoeira, fria, pálida e imunda - e dominada por homens, o time das Aves de Rapina consolidam sua emancipação após Arlequina finalmente desfrutar de um pouco de autonomia ao dar um pé na bunda do Coringa e se desprender da submissão característica.

Esta é a marca mais forte da trama, que por si só já vale o ingresso. Trazer à tona o confrontamento ou mesmo uma reflexão sobre os privilégios machistas do mundo real está (e nunca pode deixar de estar) em alta - especialmente neste momento atual em que as redes sociais estão polvorosas com uma edição de Big Brother Brasil 20 repleta de situações grotescas de machismo da maioria dos participantes homens da casa, que vêm sendo testemunhadas por todos e devidamente debatidas pelos milhões de telespectadores.

A representatividade feminina está presente no caminho que é apresentado para cada personagem central em Aves de Rapina. A Caçadora (Mary Elizabeth Winstead) tem habilidades de assassina e absolutamente nenhuma habilidade social; Renee Montoya (Rosie Perez) tem alma de heroína encarnada em uma policial; a Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell) prefere se calar por medo da responsabilidade da sua própria voz; e Cassandra Cain (Ella Jay Basco) movimenta a trama com sua figura fofa.

E sim, todas elas têm a sua importância neste enredo.

Com um estilo ‘Deadpool’ de humor pesado, pincelado por uma melancolia circense, assuntos como violência, sadismo e abuso são abordados de uma forma natural e direta, mas que fogem da mera banalidade mundana, e impacta o público de maneira sagaz e na medida certa.

Como foi todo produzido por mulheres, o filme ainda brinca com pequenos elementos deste universo facilmente identificados pelo público feminino - e não tanto pelo público masculino - como a cena em que um elástico de cabelo transmite toda essa mensagem, fazendo as espectadoras se olharem umas às outras com aquele olhar de “viu só? Muito verdade isso!”

Assim, ao contrário das mulheres idealizadas de Mulher-Maravilha e Capitã Marvel, as personagens de Aves de Rapina são retratadas à luz de suas imperfeições, habilidades medianas e problemas comuns do dia a dia, com Harley Quinn como elemento central em seu papel de anti-heroína que tanto nos cativa.

Mesmo em uma Gotham cheia de clichês, os detalhes realistas desta produção certamente mexem com nossa reflexão para muito além da tela do cinema.

Texto escrito por Renan Salomon Müller via Nexperts.

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