Brightburn — Filho das Trevas: tudo sobre o terror de James Gunn

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Imagem: IMDb/Reprodução

Atenção! Este texto tem spoilers de Brightburn — Filho das Trevas.

Super-heróis costumam ser vistos como a representação do que há de melhor na humanidade; é isso o que os diferencia dos anti-heróis e os afasta dos vilões. Um bom exemplo é o Super-Homem, o maior herói dos quadrinhos, que mesmo não sendo humano sintetiza como ninguém a esperança na bondade, o que não significa que ele tenha apenas essa face.

Ao longo das mais de 8 décadas desde sua primeira aparição, o último filho de Krypton foi apresentado de diferentes maneiras. Do clássico Superman — Entre a Foice e o Martelo até sua participação em O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, o Super-Homem já foi um supersoldado dos EUA e até mesmo uma arma da União Soviética. Mas, o que aconteceria se, durante a infância, ele tivesse se tornando um ser imoral?

Essa é a premissa de Brightburn — Filho das Trevas, filme produzido por James Gunn que coloca um grande "se" na figura do Super-Homem. Na trama, uma criança alienígena cai no terreno de uma fazenda nos Estados Unidos cujos donos decidem criar o menino como seu filho. Ao começar a descobrir seus poderes, em vez de se tornar um herói para a humanidade, ele passa a aterrorizar a pequena cidade onde vive, transformando-se em uma força obscura na Terra.

O que funciona no filme

Um Superman introspectivo ou um vilão em formação?Um Superman introspectivo ou um vilão em formação?Fonte:  IMDb/Reprodução 

O roteiro de Brian Gunn e Mark Gunn (irmão e primo de James Gunn, respectivamente) não cria uma história exatamente original, mas esse nunca foi seu objetivo. Ao contrário, ele levanta um questionamento que já foi feito várias vezes nos quadrinhos e que serviu como base para Batman vs Superman: A Origem da Justiça: a preocupação com um ser com poderes capazes de acabar com o planeta Terra.

O interessante nessa "releitura" do Super-Homem é a abordagem dos poderes. Não por acaso, eles surgem enquanto Brandon está passando pela puberdade. O roteiro tenta justificar que a imoralidade do personagem pode ser uma resposta ao bullying que ele sofre na escola. Ou seja, conceitualmente, o longa funciona.

Além disso, o visual faz algo que é pouco visto no cinema atualmente e transforma um filme de heróis em uma obra de terror. Existem momentos interessantes que demonstram bem isso. E esse visual assustador ganha força com o uso de cenas bastante violentas, nos mesmos moldes do que é visto na série The Boys.

O que não funciona no filme

O Super-Homem do mal.O Super-Homem do mal.Fonte:  IMDb/Reprodução 

A ideia do filme poderia resultar em um dos grandes filmes de terror de 2019, porém, o diretor David Yarovesky (A Colmeia) não tem domínio total da maneira de conduzir o longa. Isso não significa que o filme não tenha bons momentos, e sim que apresenta diversos clichês do terror, como sustos óbvios — quando o público sabe que o susto vai acontecer em breve, seja pela mudança na trilha sonora, seja porque a câmera entrou em um local muito escuro — e um vilão que é simplesmente mau.

Mas ele não era mau porque era vítima de bullying? Sim, contudo desde o começo é possível ver que o garoto se tornaria um sociopata, e o bullying apenas "ativa" essa maldade que há nele. Isso fica mais óbvio quando é revelado que a criança, na verdade, faz parte de um plano de uma raça alienígena que quer dominar a Terra.

Sequência?

Novo universo cinematográfico? Não tão cedo.Novo universo cinematográfico? Não tão cedo.Fonte:  IMDb/Reprodução 

A cena pós-crédito do filme sugere que Brightburn — Filho das Trevas foi planejado para ser o início de uma nova franquia. O próprio Gunn chegou a comentar que estava conversando com a Sony sobre uma possível sequência, porém a obra não teve uma boa recepção do público nem da crítica. De acordo com o site Rotten Tomatoes, por exemplo, a aprovação da audiência é de 67%, enquanto a da mídia chega apenas a 58%.

Os números de bilheteria também não foram bons o suficiente para justificar uma sequência. Com um orçamento de aproximadamente US$ 6 milhões, o filme faturou pouco menos de US$ 33 milhões, um valor baixo para que o estúdio invista em uma continuação, pelo menos em curto prazo.

Brightburn — Filho das Trevas não é uma adaptação de HQ, mas traz uma premissa muito comum dos quadrinhos. O desenvolvimento do filme é fraco e conta com alguns bons momentos para fãs de terror, desde que não esperem algo inovador. Apesar disso, se você já se perguntou como seria uma versão sombria de The Boys, esse filme pode responder a sua pergunta.

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