Martin Scorsese critica indústria do cinema e algoritmos de streaming

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Em um longo ensaio publicado nesta terça-feira (16) pela Harper’s Magazine, Martin Scorsese, diretor, produtor e escritor, exaltando, principalmente, a obra de Federico Fellini, voltou a abordar o que considera a perda da magia do cinema.

De acordo com Scorsese, nos últimos 15 anos, "conteúdo" se tornou apenas um termo comercial atribuído a qualquer "imagem em movimento" utilizado por pessoas que "sabem coisa alguma" sobre a sétima arte, geralmente aquelas à frente de corporações midiáticas.

Ainda segundo Scorsese, sugestões baseadas em algoritmos apresentam uma falsa condição democrática de acesso a materiais, já que não levam em conta a experiência de exibição, apenas determinadas categorias.

"A curadoria não é antidemocrática ou 'elitista', um termo que agora é usado com tanta frequência que se tornou sem sentido. É um ato de generosidade. Você está compartilhando o que ama e o que o inspirou", disse o diretor.

"Algoritmos, por definição, são baseados em cálculos que tratam o espectador como um consumidor e nada mais", complementa.

Scorsese defende que algoritmos tratam espectador somente como consumidor.Scorsese defende que algoritmos tratam espectador somente como consumidor.Fonte:  Reprodução 

Missão

Citando inúmeros profissionais que admira, Scorsese defende que escolhas feitas por distribuidores dos anos 1960, por exemplo, foram verdadeiros atos de bravura e tornaram a época extraordinária.

"As circunstâncias daquele momento se foram para sempre, desde a primazia da experiência teatral à excitação compartilhada sobre as possibilidades do cinema", lamenta.

"Não podemos depender da indústria do cinema, tal como é, para cuidar do cinema. Na indústria do cinema, que agora é o negócio do entretenimento visual de massa, a ênfase está sempre na palavra 'negócio', e o valor é sempre determinado pela quantidade de dinheiro a ser ganho com qualquer propriedade", salienta.

Federico Fellini é uma das figuras exaltadas pelo diretor.Federico Fellini é uma das figuras exaltadas pelo diretor.Fonte:  Reprodução 

"Aqueles de nós que conhecem o cinema e sua história têm de compartilhar o amor e o conhecimento com o maior número de pessoas possível. Temos de deixar bem claro para os atuais proprietários legais desses filmes que eles representam muito, muito mais do que uma mera propriedade a ser explorada e então trancada."

"Eles estão entre os maiores tesouros de nossa cultura e devem ser tratados de acordo", finaliza, referindo-se a nomes como Jean-Luc Godard, Ingmar Bergman, Stanley Kubrick e Federico Fellini.

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