O cinema sempre estabeleceu um diálogo com a sociedade. Por isso, observar filmes do passado é também lançar um olhar para a história das gerações anteriores. E para entender melhor como isso acontece, preparamos uma lista com filmes dos últimos 10 anos, evidenciando como eles dialogam com a época do seu lançamento. Em vários casos, são obras que também deixaram um forte legado para o cinema, se mostrando como uma tendência para o futuro.
A Rede Social (2010)
Poucos filmes falam tão bem sobre como seria a década de 2010 como A Rede Social. O Facebook definitivamente se tornou um império social, e não fazer parte dele significava ser um excluído. Mas, na verdade, esse era apenas um detalhe, pois a nossa vida passou a ser cada vez mais pautada por quem somos nas redes sociais. Enquanto isso, nossa privacidade era vendida sem que ficássemos sabendo.
A Pele que Habito (2011)
Pedro Almodóvar é um diretor que sempre abordou temas muito delicados. Em A Pele que Habito, ele traz uma discussão sobre nos aceitarmos e também os outros como são, assim como as consequências de não fazer isso. Em tempos de curtidas em fotos, o discurso do filme é simples e direto.
The Avengers: Os Vingadores (2012)
Hoje é fácil falar que filmes de heróis fazem bilhões nas bilheterias mundiais e, muitas vezes, já são sucesso antes mesmo do lançamento. Mas em 2012, uma produção como Vingadores era uma incerteza, por contar com um orçamento enorme, trazer vários personagens importantes juntos e ter um público incerto. Joss Whedon foi quem comandou o projeto, e é possível afirmar que a partir desse filme a produção de Hollywood passou a oferecer um novo olhar para os quadrinhos. Tanto que pessoas que não se interessavam muito pelo tema começaram a querer ver cada vez mais filmes com esses personagens.
Ela (2013)
Ela é um filme que trata diretamente do nosso tempo. A solidão e a nossa relação com a tecnologia são os temas centrais aqui. Mas há ainda espaço para a insegurança e o estilo de vida que cada vez mais se mostram reais entre os millennials. Joaquin Phoenix consegue transmitir muito bem esse espírito individualista e carente, que depende da tecnologia (ou das redes sociais) para se sentir amado ou especial de alguma maneira.
Livre (2014)
Livre é outro filme focado na atual geração, que precisa de grandes desafios para conseguir se encontrar. As incertezas entre a infância e a vida adulta, as dificuldades de se relacionar com os pais e as inseguranças para encarar a realidade fazem dessa obra um retrato social muito sugestivo.
Mad Max: Estrada da Fúria (2015)
O futuro não parece trazer muitas esperanças, quando olhamos para a maneira como nos relacionamos com o planeta. Dividindo o resto da humanidade em três sociedades que dominam a água, o combustível e as balas, Mad Max: Estrada da Fúria é quase um tratado social sobre como a política funciona. E, enquanto traça esse diálogo social riquíssimo, George Miller fez um dos filmes tecnicamente mais impecáveis da última década, tornando-se uma referência para o cinema de ação.
A Chegada (2016)
O discurso de A Chegada é simples e direto: precisamos aprender a nos comunicar melhor. Em tempos de grandes nações querendo se sobrepor cada vez mais, os alienígenas que vieram à Terra se mostram como a última esperança para que estejamos mais atentos a ouvir o que os outros têm a dizer. Nada poderia ter sido mais sugestivo do que uma linguista solucionar uma crise internacional.
Corra! (2017)
Poucos filmes fazem uma crítica tão relevante ao racismo como Corra!. Com uma genialidade muito própria, Jordan Peele soube utilizar os elementos do terror para falar sobre uma das coisas mais terríveis que ainda existem na nossa sociedade: o preconceito racial. E mesmo sendo focado em uma discussão muito própria dos Estados Unidos, é possível olhar para esse filme como um dos mais reais retratos sociais já feitos pelo cinema nos últimos anos.
Aniquilação (2018)
Aniquilação aborda muito a importância de evoluirmos para nos integrarmos melhor com tudo e todos que estão à nossa volta. O filme possui diversos momentos simbólicos para destacar como é necessário deixar de lado algumas cobranças que fazemos sobre nós mesmos. E torna-se ainda mais sugestivo por trazer um elenco principal formado por mulheres, justamente em um momento que elas estão lutando cada vez mais por seus próprios espaços.
Parasita (2019)
Embora 2019 ainda tenha outros filmes para nos apresentar, é possível afirmar com certa tranquilidade que nenhum irá superar o debate levantado por Parasita. Não apenas porque ele vem de um dos diretores mais criativos e inovadores dos últimos anos, mas também porque ele é incisivo ao falar sobre contrastes sociais, sem soar pedante ou clichê. Com sociedades que cada vez mais se dividem entre quem tem muito e quem tem pouco, esse filme já nasce como um clássico moderno.
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