A última década tem sido muito generosa para os fãs de terror. Com novos diretores se dedicando a oferecer seus melhores trabalhos, lançando filmes relevantes e que já deixaram a sua marca, o gênero tem se atualizado como não acontecia há um bom tempo.
Para explicar melhor porque o terror feito nos últimos anos é tão bom, preparamos uma lista com os 10 filmes mais relevantes da década, que provam como é possível inovar mesmo em um gênero tão antigo.
Invocação do Mal (2013)
James Wan se destacou pela primeira vez no cinema em 2004, quando lançou Jogos Mortais, mas realmente se tornou uma referência no terror em 2013, com Invocação do Mal. O filme que atualizou o jumpscare acompanha o casal Ed e Lorraine Warren investigando estranhos casos sobrenaturais que acontecem com a família Perron. Além de ter diversos momentos marcantes, é um dos notáveis casos do gênero que deram origem a uma franquia inteira, que atualmente conta com uma sequência e quatro spin-offs.
Babadook (2014)
Um dos longas de terror mais criativos dos últimos anos, Babadook é outro exemplo do poder do gênero para falar sobre diversos temas. O medo é usado para tratar a depressão, com uma mãe viúva que precisa carregar um trauma muito forte relacionado ao nascimento do filho. Trazendo uma criatura ambígua, um bicho-papão que tem a capacidade de aterrorizar tanto uma criança quanto uma adulta, o filme é carregado de excelentes momentos de tensão e não apela para sustos fáceis, buscando causar o medo a partir das situações vividas pela mãe e pelo filho.
Corrente do Mal (2015)
Corrente do Mal mostrou que, quando bem utilizados, os clichês de um gênero narrativo têm muito a oferecer. O susto é deixado de lado, e o filme busca a tensão, que cresce gradualmente, para provocar o medo no público. Além disso, o roteiro brinca com um elemento tradicional do terror, a punição ao sexo, que serve mais como uma homenagem aos clássicos da década de 1970 e 1980 do que como um tema a ser debatido. O objetivo é provar que uma caçada, mesmo que lenta, quando bem construída, é capaz de causar pânico no público.
Grave (2016)
Quando foi lançado, esse longa francês ficou famoso por ter feito algumas pessoas abandonarem o cinema, mas não pelo medo, e sim pelo grotesco. A publicidade não foi honesta, afinal a produção carrega o que há de mais importante no terror. Acompanhando uma vegana caloura de veterinária que descobre ser canibal, o longa fala sobre a dificuldade de assumir responsabilidades em uma fase da vida em que isso é rigorosamente exigido das pessoas. Assim como outros bons exemplos do terror atual, mostra que medo e susto são coisas diferentes.
Boa Noite, Mamãe (2016)
Outra experiência muito agradável do terror moderno, Boa Noite, Mamãe surpreende pela sua simplicidade. A ambientação claustrofóbica e a direção precisa trabalham cada detalhe da trama para entregar um final inesperado (fãs de M. Night Shyamalan gostarão). Com pequenos momentos que dialogam com o gore, mas sem apelar para a violência gráfica, o filme mostra como é possível causar repulsão sem ser agressivo no conteúdo.
A Bruxa (2016)
Poucos longas conseguiram demonstrar que transmitir uma sensação de medo não significa assustar o público como A Bruxa. Focado em desenvolver uma narrativa sobre opressão, amadurecimento e perdas, o filme é folclórico e soturno. Sem exageros, acompanhar a vida de uma família expulsa de sua cidade graças ao fanatismo religioso (da família, não da cidade) é angustiante. Ao mesmo tempo, fala sobre a libertação da mulher de tudo o que a oprime, sem discursos óbvios e com excelentes doses de medo absoluto.
Corra! (2017)
Como outras produções dessa lista, Corra! marca a estreia do seu diretor. Sem o peso da expectativa, Jordan Peele soube conduzir o filme por um caminho muito próprio, expondo o racismo como a forma primordial do medo. Ao mesmo tempo, foca o teor psicológico do medo (que se relaciona diretamente com o racismo) com um roteiro inteligente e uma direção cuidadosa.
It: A Coisa (2017)
Adaptando um dos principais livros de Stephen King, o longa fala sobre traumas de infância e de como a amizade pode superar os mais variados problemas pessoais. Em um momento em que os principais destaques do gênero optam pelo psicológico, It: A Coisa foca o sobrenatural, com uma entidade cósmica que se alimenta do medo. É uma produção que revive um terror que nem sempre parece ser bem visto, mas que quando bem feito é capaz de oferecer cenas memoráveis.
Hereditário (2018)
Ari Aster demonstrou ter conhecimento absoluto do terror em Hereditário; e aplicou isso conduzindo seu filme paralelamente ao que seria esperado de uma obra do gênero, por isso se mostrou tão inovador. Enquanto os temas são apresentados e a história é desenvolvida, o longa dialoga com comédias e tragédias até entrar em seu ato final, quando subjuga o formato convencional e consegue explorar com detalhes o medo. É um filme de construção e mostra como o terror precisa se apegar aos pequenos detalhes para poder funcionar.
Um Lugar Silencioso (2018)
Indo na contramão dos clichê do terror, Um Lugar Silencioso usa o vazio (sonoro) para criar o incômodo, e o resultado é angustiante. Em uma sociedade que precisou se calar para poder sobreviver, a produção diz muito sobre a contemporaneidade e ao mesmo tempo trabalha com a construção lenta dos personagens para que o medo possa ser compreendido — afinal, ele não pode ser explicado com diálogos. Esse filme é, provavelmente, uma das maiores contribuições ao terror que a última década apresentou.
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