Comparado aos anteriores, o ano de 2019 para a Sony foi marcado principalmente por poucos lançamentos exclusivos e por sua ausência efetiva na edição mais recente da E3. Por outro lado, a empresa parece estar trabalhando em algo grande e promissor após anos de sucesso comercial e de crítica com suas franquias e consoles.
À medida que nos aproximamos da próxima geração, muitas pessoas se questionam se ainda vale adquirir um console nas circunstâncias atuais ou se é mais vantajoso esperar o lançamento de um sucessor do hardware atual. Preparamos esse artigo com o intuito de opinar sobre as características e o legado do console atual da Sony (aproveitando que a Black Friday está chegando) e também informar tudo que sabemos até o momento sobre seu sucessor.
Vamos falar de dinheiro?
Comprar um console no lançamento é, popularmente dizendo, uma faca de dois gumes. Enquanto adquirir tecnologia de ponta pode ser um atrativo e tanto para os entusiastas de hardware, há alguns altos preços que podem ser pagos para ter em mãos essas novidades em tão pouco tempo.
Em primeiro lugar, vale mencionarmos o preço propriamente dito. Consoles recém-lançados, por mais que sejam poderosas máquinas de entretenimento e processamento de informação, são comercializados a valores não muito convidativos para o consumidor final. Em novembro de 2013, por exemplo, os concorrentes PlayStation 4 e Xbox One chegaram ao mercado por US$ 399 e US$ 499, respectivamente.
O preço de lançamento do console da Sony equivalia a praticamente um terço da média do salário mínimo norte-americano em 2013. Quando trazido oficialmente ao Brasil, duas semanas após o lançamento na América do Norte, o PS4 chegou pela bagatela de R$ 4000 — mais de cinco vezes o salário mínimo brasileiro naquele momento —, causando grande alarde na mídia. Mesmo com grande parte das pessoas recorrendo ao mercado cinza, adquirir um PS4 naquele primeiro momento era financeiramente inviável.
Comprando consoles cedo demais
Como investimentos desse calibre podem não ser um fator impeditivo para algumas pessoas, vale lembrar do histórico conturbado recorrente nas primeiras “tiragens” de aparelhos eletrônicos em geral — um fenômeno que assombra não somente a atualidade. Na geração passada, as temidas três luzes vermelhas do Xbox 360 e a luz amarela do PlayStation 3 (3RL e YLOD, respectivamente) eram problemas presentes em escala considerável.
O lançamento do PS4 base não foi diferente nesse quesito: alguns usuários reportaram defeitos físicos com os cabos HDMI, erros inesperados sendo mostrados na tela durante o uso do console (mesmo após atualização de software obrigatória), ejeção involuntária de discos e até ocorrência de uma luz vermelha na barra frontal iluminada do aparelho. Em poucas palavras, aguardar posteriores atualizações de software e revisões na montagem/componentes dos consoles pode ser uma boa saída para os mais pacientes.
Por último, talvez, a parte mais motivadora de adquirir um console logo após sua chegada ao mercado: jogos. Dependendo da data de divulgação das novas tecnologias para as desenvolvedoras e seu lançamento ao consumidor final, pode não haver tempo suficiente para que muitos jogos sejam feitos — sejam eles exclusivos ou não. Mesmo com alguns projetos cross-gen de terceiras, o atual console da Sony não foi lá o mais interessante em termos de títulos de lançamento. Entre os exclusivos, Killzone: Shadow Fall, Knack e Resogun estamparam as prateleiras nos primeiros meses até a chegada mais tardia de grandes sucessos, como The Order: 1886 e Infamous: Second Son.
O momento do PS4
Ao longo desses quase seis anos no mercado, o PlayStation 4 emplacou três modelos — dois deles amplamente comercializados até hoje e que provavelmente continuarão sendo fabricados nos próximos anos. O hardware de entrada contava com as seguintes especificações: processador octa-core AMD “Jaguar” (1.6 GHz), armazenamento interno em disco rígido de 500 GB (HDD), 8 GB de RAM (DD5), GPU do tipo AMD Graphics (800 MHz) com 1.84 teraflops de desempenho, leitor de Blu-Ray/DVD, entre outros recursos.
O modelo Slim, lançado em setembro de 2016, conta com a mesma tecnologia interna do PS4 original, trazendo apenas mudanças no peso, design e nas dimensões do console. Três meses depois, uma versão mais poderosa do console ganhou espaço: o PS4 Pro, produto voltado para jogadores mais exigentes, chegou de fábrica com 1 TB de armazenamento interno, GPU com 4.20 teraflops de desempenho e suporte para jogos em 4K.
Se a sua ideia é pegar um console o mais rápido possível, é bom ter números na ponta do lápis: atualmente, após a recente redução de IPI sobre o preço de consoles, jogos e periféricos, os preços oficiais de comercialização são de R$ 2399 para o modelo mais básico e R$ 2799 para o mais robusto.
Apesar de gosto pessoal ser algo indiscutível, a biblioteca de jogos do console é rica tanto em variedade quanto em qualidade de títulos, especialmente quando o assunto é conteúdo exclusivo. Além das grandes obras de estúdios internos e parceiros próximos — como a série Uncharted, o majestoso God of War e o ambicioso Horizon Zero Dawn —, o console também é a casa de franquias e propriedades intelectuais desenvolvidas por terceiros, como a série Persona e o temível Bloodborne.
Certezas e incertezas de amanhã
Muito se especula sobre o próximo console da Sony, mas poucas informações já foram oficialmente confirmadas pela fabricante. O próximo console se chamará PlayStation 5 e chegará no final de 2020, como confirmado pela própria fabricante.
Imagens do suposto aparelho chegaram inclusive a circular pela internet, mas também foi confirmado que o design um tanto incomum se trata apenas do Dev Kit e não deve ser associado ao produto que chegará ao consumidor final. O design definitivo do controle, viralizado anteriormente como sendo semelhante ao DualShock 4, apresenta gatilhos traseiros personalizáveis, novos auto-falantes (speakers) e será conectado ao console via USB-C.
Sobre as especificações técnicas, o engenheiro-chefe Mark Cerny confirmou, em momentos distintos, que o console poderá ser até quatro vezes mais poderoso que o PS4 Pro. Entre seus componentes de hardware destacam-se a presença de SSD para armazenamento interno, processador octa-core AMD Ryzen e GPU do tipo Radeon Navi modificada. Bem, mas o que isso tudo significa em termos de “potência” e recursos suportados?
Em uma apresentação a portas fechadas, a Sony testou Marvel’s Spider-Man tanto no PS4 quanto em seu protótipo da próxima geração. O resultado foi impressionante: a velocidade de processamento de cenas no PS5 é praticamente instantânea, chegando a ser quase vinte vezes mais ágil que a performance do HDD presente no PS4 Pro. Isso tudo graças a um algoritmo para reduzir drasticamente o carregamento de telas desenvolvido pela fabricante. Além disso, o recurso de Ray Tracing, trazido ao conhecimento público com o lançamento das placas NVidia RTX GeForce 20 Series, também foi mencionado como sendo um de seus atrativos.
Em termos de jogos, é importante comentar que a próxima geração terá um recurso cross-generational, permitindo que o usuário comece um jogo no console da geração atual e dê continuidade em seu progresso na próxima entrada de hardware. Com isso, pelo menos uma geração de retrocompatibilidade nos aguarda. Com o registro recente de uma patente curiosa, o novo console supostamente poderá rodar, via emulação, jogos de PS1, PS2 e PS3 — além do já confirmado suporte a jogos de realidade virtual do PS VR.
Apesar de sabermos que a Santa Monica Studios e a Guerrilla Games estão trabalhando em sequências para seus respectivos produtos de sucesso, o único grande exclusivo que aparenta estar sendo desenvolvido com tecnologias da próxima geração é Ghost of Tsushima, nova propriedade intelectual da Sucker Punch que esbanja beleza em sua aventura oriental. Jogos de realidade virtual e o periférico PS VR também foram confirmados como parte desse futuro.
Por último, vale lembrar que ainda não há um preço oficial de lançamento do PS5. Aliás, nem sequer sabemos se o produto chegará ao mercado brasileiro por meios legais de importação e representação comercial. Essas incertezas, junto com o quantidade considerável de vantagens da geração atual, são pontos importantes para que você, leitor, escolha sua opção favorita entre aguardar o PS5 ou já investir na console da geração atual em uma eventual promoção de Black Friday.