Surpreendente no mundo dos games, o sucesso de Detetive Pikachu, filme lançado neste ano, abre as portas para novos live-actions de jogos da Nintendo. O mundo fantástico, a história rica em detalhes e os elementos de aventura e exploração em Zelda fazem do título um forte candidato a receber uma adaptação para o cinema.
Colocado por alguns como o melhor filme de video game já lançado, Detetive Pikachu é um exemplo de que esse mercado pode render bons longas. Ainda que não tenha sido um hit absoluto — é importante levar em conta o período em que foi lançado, com outras estreias de peso — e recebido notas apenas medianas por parte da crítica, o filme de Pokémon também está longe de ter sido um fracasso. O valor arrecadado nas bilheterias foi três vezes maior que seu custo de produção e demonstra que adaptações de jogos da Nintendo têm potencial e mercado, nada pequeno, com fãs bastante curiosos para ver seus personagens favoritos em versões live-action.
Se Detetive Pikachu, baseado em um point and click de investigação pouco lembrado para Nintendo 3DS, conseguiu cativar espectadores mundo afora, nada impede que a história protagonizada por Link faça o mesmo. A trama já tem os elementos essenciais de qualquer aventura: um herói carismático e um universo vasto para compor seu enredo. Talvez este seja o primeiro problema com o qual os produtores irão se deparar: como fazer caber tantos elementos de um universo tão rico e complexo em apenas 2 horas? A pergunta é importante, pois, além de Link, Zelda, Ganon e Impa, muitos personagens secundários compõem o mundo de Hyrule e ajudam o protagonista em sua jornada.
Outra característica da série, que já acumula vários títulos, é uma sequência bastante singular e pouco relacionada à ordem cronológica dos jogos no mundo real. Uma adaptação live-action demanda uma seleção mais precisa de eventos do jogo ou uma mistura de elementos distintos de sua linha temporal. Ao fazer uma união equilibrada de elementos de títulos diversos da série, a edição pode agradar tanto aos fãs antigos quanto àqueles recém-chegados ao universo de Zelda.
A adaptação pode, alternativamente, contar a história de apenas um dos títulos de Zelda mais lembrados. Enquanto o primeiro jogo oferece material suficiente para um longa-metragem, Zelda: Ocarina of Time teria grande apelo entre os fãs. O enredo central instigante, o tema de viagem no tempo e o carisma que o jogo já provou ter seriam conteúdos fartos para uma adaptação de sucesso. Além disso, teria seu segundo filme garantido: Majora's Mask, a sequência direta de Ocarina of Time, que não fica para trás em horizontes de adaptação. Mais sombrio e misterioso, oferece novos elementos à história.
Mas todo cuidado é pouco ao licenciar franquias de jogos adorados para adaptações ao cinema. A lista de longas que fizeram feio nas telas não é pequena, e a própria Nintendo carrega o peso de ter um nome na lista. Super Mario Bros., de 1993, apesar de ter gerado grandes expectativas, não cativou público nem crítica com sua abordagem sci-fi e obscura. Adaptações de jogos como Silent Hill e Street Fighter também figuram entre as piores já feitas. Longas como Resident Evil e Tomb Raider são raramente citados entre as produções memoráveis do cinema, apesar dos resultados positivos de bilheteria e da existência de sequências às produções originais.
Com o anúncio da pré-produção de uma nova versão de Super Mario Bros. para os cinemas em um ainda distante 2022, a expectativa sobre Zelda não é irreal, mas tudo depende, é claro, da aposta das produtoras nas adaptações e da vontade da Nintendo de licenciar seus jogos. Apesar de tudo, já é possível ficar na expectativa de como as paisagens de Hyrule e as aventuras de Link seriam vistas nas grandes telas.
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