Um estudo recentemente realizado na Nova Zelândia, financiado pela operadora de telecomunicações Vocus Group NZ, comprovou o que especialistas da área têm percebido há alguns anos: disponibilizar conteúdo de alta qualidade e com preços acessíveis é muito mais eficaz para combater a pirataria do que medidas agressivas focadas em penalizar usuários infratores.
Realizada em dezembro de 2018, a pesquisa entrevistou mil cidadãos sobre o consumo de algum tipo de material ilegal. Metade deles afirmou que já havia pirateado conteúdo, mas a incidência foi diminuindo à medida que foram surgindo novos serviços de streaming.
Os dados coletados mostram que 11% dos neozelandeses ainda consomem conteúdo protegido por direitos autorais através de serviços ilícitos de streaming, e outros 10% fazem download de torrents e afins. No entanto, o número de pessoas inclinadas a obter o mesmo conteúdo através de TVs a cabo registradas (75%) ou serviços legais de streaming, como a Netflix (55%), tende a aumentar.
Fonte: Neonbrand/Unsplash
Para Taryn Hamilton, executivo da Vocus, com o passar dos anos a pirataria se tornou menos atraente para os usuários, o que pode provar que ela nunca foi motivada com o único intuito de burlar leis e conseguir conteúdo de graça, mas por consumidores frustrados em obter o conteúdo que mais lhes interessava.
O que mais podemos concluir?
A professora de Direito da Universidade de Idaho e especialista em direitos autorais, Annemarie Bridy, afirmou que vários outros estudos realizados nos EUA, Europa e outras partes do mundo confirmam as conclusões do Vocus Group. Através de dados coletados por Mike Masnick, especialista em direitos autorais e cofundador do Techdirt, revelou-se que aplicar restrições severas na internet tende a diminuir os níveis de pirataria, mas só até certo ponto; logo após os usuários conseguirem burlar as restrições, a pirataria volta a subir novamente.
Uma maior oferta de conteúdo legal e de fácil acesso atrai grande parte dos usuários preocupados com o risco de baixar conteúdo pirata.
Em outra pesquisa, realizada pela Universidade de Indiana, descobriu-se que a pirataria ainda pode funcionar como um “serviço” concorrente no mercado, forçando produtores de conteúdo a oferecerem melhores serviços para atrair os usuários. Antino Kim, pesquisador de Indiana, disse que a melhor forma de afastar os usuários da pirataria é vencendo-a, com empresas que ofereçam serviços rápidos de streaming, com som e imagem de alta qualidade, vários idiomas e legendas e facilidade de uso. Ainda podemos incluir nessa lista preços acessíveis e alguns extras, como pontuação das obras pelos usuários, capacidade para salvar listas de reprodução e fazer recomendações, além de apps para dispositivos móveis.
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