Programada para começar no dia 12 de junho deste ano, a E3 2018 promete ser novamente o palco para alguns dos maiores anúncios do mundo dos games. Embora tenha quem defenda que o evento está perdendo relevância para transmissões e anúncios em redes sociais, ele ainda chama a atenção de todo o mundo que curte jogos eletrônicos — e também de quem não está ligado no meio.
No entanto, nem sempre o evento teve o tamanho ou o alcance que vemos hoje em dia — até porque em 1995 a internet não era algo comum, e era ainda mais difícil conseguir ir aos Estados Unidos para obter informações sobre jogos eletrônicos. Com isso, os fãs de games tinham que se contentar em saber tudo de forma mais pontual, geralmente em publicações que conseguiam traduzir o que vinha “da gringa”.
Começo na CES
Embora a E3 (Electronic Entertainment Expo) tenha começado com um nome e local (o Los Angeles Convnetion Center) semelhantes aos atuais, suas raízes estão em outro evento ainda mais tradicional: a CES. Inaugurada em 1967, a feira de tecnologia era usada por desenvolvedoras como Nintendo e SEGA para mostrar seus novos aparelhos e jogos, competindo com fabricantes de televisores, rádios e outros aparelhos eletrônicos.
A solução para lidar com um espaço que estava ficando pequeno demais foi criar um evento totalmente dedicado a games eletrônicos. Assim, empresas como Sony, SEGA, Nintendo, Activision e Atari se reuniram entre os dias 11 e 13 de maio para apresentar suas principais plataformas e games.
Na época, a organização já estava à cargo da Interactive Digital Software Association, hoje mais conhecida pelo nome Electronic Software Association (ESA), entidade representativa do setor. Ela havia sido criada somente há um ano como resposta ao Video Game Rating Act do congresso norte-americano, responsável por estrear o sistema de classificação etária usado até hoje.
A primeira E3 foi um sucesso: mais de 40 mil pessoas participaram do evento
A primeira E3 foi um sucesso: mais de 40 mil pessoas participaram do evento, que conseguiu atrair logo de cara grandes publicadoras e nomes que ainda se mantém em evidência na indústria, como Activision, Capcom, Microsoft, Namco e Crystal Dynamics. Nos anos seguintes o número de participantes se multiplicou em várias vezes, e muitas das empresas presentes (como a Acclaim) agora só fazem parte da história.
Farpas entre SEGA e Sony
Enquanto muitos eventos demoram a engrenar e a chamar a atenção do público, a E3 começou logo de cara com grandes anúncios. Em 1995 vivemos o auge da rivalidade entre a SEGA e a Sony, que disputavam a atenção dos consumidores com seu aparelhos de 32 bits e leitores de CD, que estavam batendo de frente com bem-sucedido Super Nintendo, que recebia na época clássicos como Chrono Trigger, Donkey Kong Country 2 e Mega Man VII.
O evento foi marcado por uma ação bastante ousada da SEGA, que aproveitou sua apresentação para anunciar que não somente o Saturn estava chegando aos EUA, como isso estava acontecendo enquanto o evento estava rolando. A atitude se provou errada para a companhia, que teve que lidar com a má vontade de lojistas que não receberam estoques a tempo e com a falta de jogos para o console — tudo culpa da falta de planejamento de sua divisão japonesa.
A resposta da Sony veio logo em seguida: a empresa garantiu que o primeiro PlayStation custaria não somente US$ 100 a menos (US$ 299), como teria 50 games prontos até o natal daquele ano. O público ainda estava incerto quanto ao sucesso da empresa nesse ramo, mas títulos como Tekken, Ridge Racer e Wipeout provariam que ela estava pronta para bater de frente com nomes mais bem estabelecidos.
O grande erro da Nintendo
Também foi durante a E3 de 1995 que a Nintendo deixou o caminho livre para o crescimento de suas rivais ao afirmar que o Ultra 64 (nome que depois passou a ser Nintendo 64) só chegaria às lojas em 1996. Para compensar, a empresa trouxe ao evento uma grande novidade: o Virtual Boy, “portátil” que prometia nova experiências com a realidade virtual.
Apesar de a empresa japonesa ter se comprometido a investir US$ 25 milhões para promover o gadget e afirmar que 100 títulos third party chegariam à ele, a realidade não foi tão boa para a empresa. O produto foi bastante criticado pelas dores de cabeça que causava aos usuários e se mostrou um erro tão grande que a companhia anunciou o fim de sua produção e vendas somente um ano após o anúncio.
Nostalgia de sobra
Ao pesquisar sobre a E3 de 1995 é fácil sair da experiência com uma mistura de nostalgia e estranhamento, especialmente quando comparamos o evento com a versão atual da feira. Tudo parecia mais amador: os estandes eram menores, assim como as estações de games, e não havia todo o material publicitário que domina os corredores do Los Angeles Convention Center nos dias de hoje.
Um documentário publicado pelo canal QLvsJAGUAR mostra bem como funcionou a primeira edição do evento, com direito a muitas roupas e penteados bastante características aos anos 90. Entre uma cena e outra, podemos ver a Atari promovendo o Jaguar, enquanto a Ubisoft mostrava ao mundo um personagem novo que logo chegaria ao sucesso — ninguém menos do que Rayman.
Em 2018, o evento promete ter uma estrutura sem precedentes e estar ainda mais bem preparado para lidar com o público — que agora não é formado somente pro membros da indústria ou por quem está cobrindo o evento. Como sempre, o Voxel vai trazer a cobertura mais completa do Brasil, tanto com nossa equipe aqui em Curitiba quanto através de Bruno Micali, que vai a Los Angeles cobrir de pertinho todas as novidades.
Categorias