Famoso por documentar algumas das mais chocantes ocorrências de violações dos direitos humanos do mundo, o premiado fotógrafo Fernando Moleres viajou para a China para observar os pacientes de uma instalação voltada para o tratamento de pessoas viciadas em games online. As impressionantes fotos tiradas por ele revelam um pouco de um efeito colateral de nossa crescente dependência tecnológica.
Segundo estatísticas governamentais chinesas, há 632 milhões de usuários da internet no país. As autoridades afirmam ainda que, entre esse montante, 10% dos menores de idade podem ser considerados viciados na rede mundial de computadores. Na instalação fotografada por Moleres, 62 garotos e seis meninas estão passando por tratamento para perderem a dependência dos jogos online.
Um exemplo de café de internet em Pequim, onde muitos usuários ficam jogando até cairem no sono
No centro de reabilitação – de onde alguns jovens já tentaram escapar –, adolescentes sofrendo com o vício são monitorados com equipamentos especiais para mensurar os efeitos da jogatina sobre sua atividade neurológica. Lá, eles são encorajados a manter uma disciplina militar, realizar exercícios físicos, trabalhar, conversar com psicólogos e se socializar para melhorar sua capacidade cerebral e mudarem de hábitos.
Pressões e suas consequências
De acordo com Tao Ren, médico militar que dirige o centro, um dos fatores que contribuem para a dependência é o fato de que o crescimento econômico da China levou ao surgimento de um mercado de trabalho extremamente competitivo, fazendo os pais trabalharem mais e passarem menos tempo em casa. Somando-se a isso, a regulações de planejamento familiar impedem que os jovens chineses tenham irmãos, deixando-os sozinhos com os computadores.
Muitos dos novos pacientes se isolam em seus quartos e se recusam a interagir com outras pessoas
Esse contexto cultural leva os jogadores a sentirem que os cafés de internet e a interação com outros gamers por meio da rede servem como uma “comunidade com práticas e crenças similares”, tornando a dependência algo emocional. Além disso, a competição do mercado de trabalho leva os pais a pressionarem para que os filhos sejam estudantes excelentes. “Alguns disse que isso é insuportável. Eles se sentem sobrecarregados”, diz Moleres.
Ao chegar ao estabelecimento, muitos pacientes demonstram irritação e confusão e alguns costumam passar longos períodos isolados em seus quartos – alguns mostrando até falta de interesse na vida cotidiana. Em casos em que os exercícios, trabalho, conversas e psicoterapia não ajudam, alguns internados recebem medicamentos para controlar sua irritabilidade, ansiedade e tristeza.
E você, acha que a cultura chinesa é responsável pelo grande quantidade de viciados no país? Acredita que o problema é mais abrangente e afeta o mundo todo? Confira as fotos na galeria acima e deixe sua opinião nos comentários.
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