Para quem não conhece o termo, um codec é basicamente uma tecnologia para codificar e decodificar dados de áudio e vídeo. Esse tipo de aplicação é em geral utilizada para transformar os arquivos originais - pesados e de maior qualidade - em versões mais leves, ideais para transmissão em tempo real e transferências pela internet.
Hoje o mais novo padrão na codificação de vídeos para a internet é o H.264, também conhecido como AVC ou MPEG-4 Parte 10. Para áudio, o MP3 é o formato mais utilizado em todo o mundo, em especial para transmissão e execução de dados por consumidores comuns.
E esse tal de WebM?
O novo projeto da Google consiste na utilização do codec Ogg Vorbis, para áudio, além do VP8, para vídeo, que a empresa foi capaz de obter devido à compra neste ano da On 2 Technologies - detentora da tecnologia - pela "bagatela" de 133 milhões de dólares.
A grande novidade com a proposta do WebM, um pacote de codecs que ela visa aplicar em quase toda a internet online (YouTube e outros sites de streaming), é que todo o desenvolvimento nesse modelo será 100% gratuito, ao contrário do que ocorre com o atual, o já citado H.264.
O maior problema nisso tudo é que 26 empresas têm dedicado esforços - e muito dinheiro - para manter e desenvolver o padrão, incluindo Microsoft, Apple, Panasonic, Sony, Toshiba e diversas outras.
Muitos já começaram a se questionar até quando os codecs disponibilizados pela Google são realmente gratuitos e livres de problemas com direitos autorais. A empresa precisará tomar todos os cuidados necessários quanto a isso antes de lançar o VP8, codec de vídeo do projeto WebM.
A jogada por trás de tudo
Como todos sabem, a Google investe muito em soluções para tornar a internet mais amplamente utilizada, pois depende disso tudo para se manter, em especial quanto aos anúncios e serviços que detém.
Colocar um pacote de codecs gratuito para ser utilizado na internet é uma jogada muito bem pensada, pois diversos desenvolvedores de aplicações simplesmente não conseguem pagar os royalties no uso da tecnologia H.264.
Hoje ainda muito dos vídeos a que assistimos está totalmente fora da internet, em assinaturas de televisão ou filmes locados, o que não é nada interessante para a Google. No entanto, quanto mais poder os vídeos online tiverem no futuro com o WebM, mais poder a empresa terá nas mãos.
O que muda no novo padrão da internet?
No HTML5 não é mais necessária a separação entre o navegador e os plugins para vídeos online, medida que tornará a navegação mais segura e eficiente nessas situações. Para incorporar o H.264 em seu navegador, a Mozilla teria que pagar mais de 5 milhões de dólares apenas pelo direito de uso. Para desenvolvedores menores essa situação se torna ainda mais complexa e barra muitas possibilidades.
Como a Microsoft é detentora de boa parte das patentes do H.264, ela dificilmente deixará isso barato. Muito provavelmente haverá um plugin externo caso você queira assistir a vídeos dentro do modelo WebM. O Internet Explorer é possivelmente a maior ameaça à adoção do WebM hoje, mas dificilmente a Microsoft arriscará forçar a barra e impedir a visualização de vídeos no formato proposto pela Google.
E para finalizar, o que isso muda nas nossas vidas?
A resposta depende muito do seu perfil como usuário. Hoje, independentemente do seu navegador, é necessário utilizar o plugin da Adobe, o Flash Player, para visualizar quase todos os vídeos presentes na internet. Em um futuro próximo, os novos navegadores deverão ter funções de reprodução de mídia já inclusas em seu desenvolvimento.
Por enquanto Firefox e Opera já aderiram ao WebM, uma parceria extremamente interessante para a Google. Se acordos melhores não ocorrerem com Microsoft, Apple e outras companhias, provavelmente encontraremos problemas de compatibilidade, ou a necessidade de continuar baixando codecs externos para tocar os vídeos da concorrência.